O Brasil e a China deram esta quarta-feira os primeiros passos para estabelecer o comércio bilateral em moedas locais, excluindo o dólar, conforme anunciou a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) do país sul-americano.
Os dois primeiros acordos para a implementação do mecanismo foram assinados durante o Seminário Económico Brasil-China, realizado em Pequim com a participação de representantes dos dois países e cerca de 500 empresários.
A primeira delas estabelece que o banco brasileiro BBM, com sede em Salvador e controlado pelo Banco Chinês de Comunicações (BoCom), ingresse no CIPS (China Interbank Payment System), alternativa do país asiático ao Swift internacional.
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“A expectativa é a redução dos custos das transações comerciais com câmbio direto entre o real e o yuan” e o BBM será o “primeiro participante direto desse sistema na América do Sul”, disse um comunicado da Apex.
Da mesma forma, foi acordado que a filial brasileira do Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, na sigla em inglês) “passa a atuar como banco de compensação do yuan no Brasil”.
Chile e Argentina têm acordos semelhantes com o ICBC para obter créditos chineses para melhorias de infraestrutura.
“As reduções nas restrições ao uso do yuan visam promover ainda mais o comércio bilateral e facilitar o investimento com o yuan”, acrescentou o Apex.
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A China assinou recentemente acordos semelhantes com a Arábia Saudita e a Rússia, esperando aumentar a participação do yuan no comércio mundial, atualmente estimada em 2%.
A secretária de Relações Internacionais do Ministério da Fazenda do Brasil, Tatiana Rosito, disse no final do seminário que a etapa inicial permite maior previsibilidade das taxas de câmbio e reduz custos de transação.
Do seminário, do qual foram assinados mais 18 acordos em diferentes áreas, também participaram o ministro da Agricultura do Brasil, Carlos Fávaro, e o vice-ministro do Comércio da China, Guo Tingting.
O encontro fez parte da programação paralela à visita oficial que o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, faria nestes dias ao país asiático, que cancelou a viagem à última hora devido a uma pneumonia.
A China é, desde 2009, o maior parceiro comercial do Brasil e uma das principais origens de investimentos em território brasileiro. Em 2022, a corrente de comércio entre os dois países atingiu recorde de 150,5 mil milhões de dólares (139,4 mil milhões de euros).