Está oficialmente escolhido o sucessor de António Saraiva na Confederação Empresarial de Portugal (CIP): Armindo Monteiro foi eleito, esta quinta-feira, com 87% dos votos.
As eleições contavam com uma lista única liderada por Armindo Monteiro, que vai tomar posse no próximo dia 12 de abril. Em comunicado, a CIP refere que se tratou da “maior participação de sempre para a eleição dos órgãos sociais” da confederação e que a escolha transmite uma “mensagem clara ao Governo”.
“Depois da assinatura de um acordo de concertação social, em setembro do ano passado, classificado como histórico pelo primeiro-ministro, as políticas públicas que estão a ser concretizadas não só ficam aquém das necessidades do país, como provocam um atrito contraproducente, expondo as empresas e os trabalhadores a um risco económico desnecessário”, lê-se no comunicado.
A CIP entende que “não é possível” negociar aumentos salariais com as empresas do setor privado e “à margem” mudar a legislação laboral “sem avaliar os custos e os impactos reais de competitividade” na economia.
No comunicado, Armindo Monteiro — que é presidente do Grupo Levon e era, até aqui, vice-presidente da CIP — agradece os votos e compromete-se a “defender o progresso de Portugal”. “O nosso país tem de estar focado nos desafios. Não pode perder mais tempo em discussões ideológicas estéreis afastadas dos problemas reais das pessoas e das empresas. Não há tempo a perder. As empresas farão a sua parte, compete ao poder político eleito fazer a sua. A CIP contribuirá com sugestões, abertura negocial e vigilância democrática”, assegura.
À Rádio Observador, na véspera das eleições, Monteiro disse que teria preferido ter concorrência na corrida à liderança da CIP: “Gosto de marcar uma posição, um rumo, e por isso gostaria, porventura, que esse rumo tivesse sido discutido, apresentando uma alternativa”.
[Oiça aqui a participação de Armindo Monteiro no programa “Explicador” da Rádio Observador]
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No programa “Explicador” da Rádio Observador, defendeu uma “defesa clara e inequívoca” da iniciativa privada e criticou a chamada “agenda do trabalho digno”, um conjunto de alterações à lei laboral que foram aprovadas recentemente no Parlamento contra a vontade das confederações patronais, mas com abstenção do PSD.
“Preocupa-me a posição quer da maioria quer da minoria, da oposição ao Governo. Porque não houve nenhuma força política que tenha ousado ter uma posição de defesa, de preocupação com a situação das empresas em Portugal. E isto é muito perigoso: quando nenhuma força política entende que rende votos colocar-se ao lado da iniciativa privada, de quem cria emprego em Portugal. Deve fazer-nos refletir a todos na sociedade”, afirmou.
Armindo Monteiro substitui, assim, António Saraiva que esteve 12 anos à frente de uma das mais importantes confederações patronais em Portugal. Na carta de despedida enviada aos empresários — intitulada “2022 – o ano em que as empresas salvaram o emprego; 2023 – o ano em que o PRR tem de chegar à economia”, Saraiva deixou várias críticas ao Governo — cuja resposta no ano passado “ficou muito aquém” —, bem como avisos — a taxa de desemprego é “certamente um sinal a ter em conta”.