Alexandra Reis assumiu que o convite para a secretaria de Estado do Tesouro foi feito pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, garantindo que a relação com a mulher do governante era “estritamente profissional”. “Não sei onde mora”, atirou ao deputado do PSD, Paulo Rios de Oliveira.

Quando foi convidada para o Governo, Alexandra Reis diz não ter feito essa associação “nunca em tempo algum”. “Se me encontrei fora do ambiente profissional, recordo-me de dois almoços com Stéphanie Sá Silva, tínhamos saído juntas de uma reunião fora da empresa e a caminho da empresa parámos para almoçar. Foi um almoço com mais pessoas”.

Em 2022, falou duas vezes com a jurista: num pequeno almoço e num almoço, em ambiente que diz ser normal de convívio entre ex-colegas e de networking. Bernardo Blanco, da IL, acabou por se socorrer de uma formulação também feita por Alexandra Reis dizendo que ao falar em networking também podia levá-lo a dizer que quem a recomendou para o governo foi Stéphanie Sá. “Podia dizê-lo, mas não vou dizer” — antes Alexandra Reis tinha dito em relação à CEO que poderia dizer que a CEO não teria perfil para a TAP, mas não iria dizer.

“É de facto um anglicismo. Estamos a falar de contactos regulares, de pessoas que mantêm o contacto ao longo do tempo. Nada disso implica que tenha sido de alguma forma recomendada ou sugerida, e que a conversa não tivesse sido apenas de temas normais de pessoas que se conhecem em contexto profissional. Não considero que o facto de ter dois contactos com alguém com quem trabalhei que tenha havido recomendação por causa disso”, respondeu Alexandra Reis.

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Sobre o convite para a secretaria de Estado do Tesouro, Alexandra Reis repetiu que foi feito diretamente pelo ministro das Finanças. “Falou comigo uns dias antes da tomada de posse e deu-me nota de iriam reconfiguração nas Finanças. A Secretaria de Estado do Tesouro tinha sido extinta e agora ia voltar a implementar a Secretaria de Estado do Tesouro. Falou-me do projeto, empresas que tutela, desafios que aquela pasta acarreta, das responsabilidade, eu ia fazendo questões, colocando as minhas dúvidas, e ele nessa conversa, antes de me explicar todos os desafios, deu-me nota que gostaria de me convidar para secretária de Estado do Tesouro”.

Alexandra Reis esclarece que a sua relação com Fernando Medina era “estritamente profissional” e que este a convidou para o Governo “tendo em conta a minha experiência de gestão de empresas privadas e públicas”.

Alexandra Reis disse que teve “de fazer minha ponderação”, porque se dizia “muito contente na NAV, com resultados”. Depois da ponderação, “decidi aceitar convite do senhor ministro das finanças. Depois disso apresentei renúncia de livre vontade à NAV”, respondeu para precisar a diferença em relação à renúncia à TAP, que não foi de livre vontade, mas depois de acordo de saída.

Quando foi convidada para a Secretaria de Estado, Alexandra Reis garante que não falou com Medina sobre as razões da sua saída da TAP nem sobre a indemnização. Isto apesar de o ministro numa anterior audição parlamentar ter dito que sabia das razões da saída. Medina não chegou a dizer como teria sabido.

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Alexandra Reis garante que não se falou da TAP nessa conversa-convite de Medina. São 143 empresas do setor empresa público e, por isso, falou-se “no geral dos desafios que as empresas publicas têm. Não fomos uma a uma”. A conversa, acrescentou, “não foi longa assim, alguns minutos, falámos dos principais desafios, das empresas que iria tutelar. Não falámos especificamente sobre a TAP, nem sobre a saída, nem condições de saída”.

Nas últimas respostas que dá a Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, na primeira ronda a gestora acrescenta que “sempre tive relação cordial com todos os membros da comissão executiva. Ter uma opinião diferente, não são divergências irremediáveis. É normal. Eu manifestava a minha opinião porque entendi que devia fazê-lo.”

A gestora que está a ser ouvida na comissão de inquérito diz não ter estranhado o convite, porque conhecia as equipas das Finanças e da DGTF. “Confesso que não estranhei, conhecia relativamente bem as equipas das finanças, da DGTF e também pessoas que trabalhavam lá, do todo o tempo em que discutimos sobre o plano reestruturação. Foi uma assunção minha, convicção pessoal minha, fiz esta ligação, entendi que era esta ligação”. Nomeou o chefe de gabinete e assessores jurídicos do ministro das Finnaças e outros assessores que trabalham lá como as pessoas que “conhecia relativamente bem”.

Indica ainda que chegou a reunir com Fernando Medina quando ele estava na Câmara de Lisboa, e que tinha sido uma interação anterior.

Quando aceitou o convite para a secretaria de Estado “liguei ao ministro das Infraestruturas e disse-lhe que tinha aceitado o convite, ele estava a par, já o saberia, e desejou-me felicidades, naturalmente desejou-me sucesso no cargo”.

Falou com Pedro Nuno Santos quando aceitou o convite para a secretaria de Estado, saindo da NAV, mas diz que não falou com o ministro para ir para a NAV. O processo foi com Hugo Mendes. Uma primeira “conversa exploratória” aconteceu a 22 de março de 2022, antes do Governo tomar posse.

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“Hugo Mendes telefonou-me e disse-me que a NAV iria precisar de liderança, e que o próximo ministro das Infraestruturas e secretário de estado teriam de endereçar esse tema, perguntou-me se conhecia a empresa. Entendi como conversa exploratória para peceber nível de entusiasmo de projeto daquela natureza. Dois ou três dias depois da tomada de posse ligou-se na sequência daquela conversa, gostava de conversar formalmente”. Depois o processo passava pela Cresap. “Aceitei e passados uns dias, não recordo quando, a chefe de gabinete do secretário de estado alertou-me para a documentação que tinha de enviar, o questionário que tinha de preencher junto da Cresap, o curriculum com conjunto de regras e foi agendada entrevista com Cresap”. Foi realizada por meios telemáticos, não foi presencial. “Semanas depois fui informada, não recordo exatamente como, que tinha dado parecer positivo. No início de junho falei com chefe de gabinete, porque se aproximava o verão, e queria perceber a data expectável” de entrada em funções. Foi apontada a data de 1 julho e “apareci na NAV”. Alexandra Reis garante que, neste processo, “não falei com ministro [das Infraestruturas]. Com o das Finanças também não”, apesar da dupla tutela.