A reunião realizada esta quarta-feira entre a primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, e os sindicatos sobre a crise causada pela reforma na segurança social terminou “em fracasso”, garantiram os sindicalistas.

O governo, que aprovou esta reforma sem passar por uma votação na Assembleia Nacional, esperava encontrar pontos em comum, enquanto os sindicatos estão a exigir a retirada desta lei apresentada pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, que aumenta de 62 para 64 anos a idade da reforma no país.

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O encontro com Elisabeth Borne — o primeiro desde o início de janeiro — durou menos de uma hora e terminou em fracasso, segundo as oito organizações sindicais.

“Repetimos à primeira-ministra que não pode haver outra saída democrática se não houver a retirada do texto. A primeira-ministra respondeu que queria manter o seu texto, uma decisão grave“, declarou o presidente do sindicato da CFTC, Cyril Chabanier, em nome das outras organizações.

Os sindicalistas avisaram que abandonariam a reunião se Elisabeth Borne se recusasse a falar sobre o aumento da idade para a reforma, a principal medida desta remodelação que há várias semanas está a alimentar os protestos em França.

Uma 11.ª mobilização dos sindicatos está marcada para esta quinta-feira.

A primeira-ministra, que recebeu as organizações pela primeira vez desde 10 de janeiro, tinha prometido ouvir tudo apesar dos “pontos de divergência”, e esperava poder abordar outras reformas que estão para ocorrer.

A controversa reforma das pensões gerou uma mobilização quase semanal sem precedentes na França, levando cerca de 1,3 milhões de pessoas às ruas em 7 de março, segundo as autoridades.

As manfestações subiram de tom após a aprovação sem votação da reforma no Parlamento através do artigo 49.3 da Constituição francesa, com violência e detenções em várias cidades francesas.

Os sindicatos e o governo esperam pela decisão do Conselho Constitucional, que dirá em 14 de abril se esta reforma está de acordo com a lei fundamental francesa.

O Conselho Constitucional também decidirá no mesmo dia sobre a validade de um texto apresentado pela oposição de esquerda que pode abrir caminho para um referendo sobre as pensões.