Na primeira entrevista depois da detenção temporária de Donald Trump, Stormy Daniels, que o acusa de a ter subornado para que não divulgasse um encontro sexual entre ambos, defende que o ex-Presidente não deveria ir para a prisão devido a esse pagamento em específico.
“Especificamente em relação ao meu caso, não creio que os seus crimes contra mim sejam merecedores de encarceramento”, disse numa entrevista a Piers Morgan, para o programa Uncensored, na TalkTV. Mas acrescentou que se o ex-Chefe de Estado for considerado culpado dos outros crimes de que é acusado, deveria ir para a prisão para dissuadir outros de fazer o mesmo.
Daniels descreve ainda os sentimentos ambíguos durante a leitura da acusação, na terça-feira. Por um lado, sentia que o ex-Presidente tinha de responder perante a justiça — “[Ele] já não é intocável e ninguém deveria ser intocável, não importa qual a sua função”. Mas, ao mesmo tempo, “é alguém que o nosso país elegeu. Não havia melhor opção?”. “Senti uma série de emoções, mas acho que ‘triste’ foi a mais impactante”, resumiu.
O pagamento ao porteiro, à alegada amante e a Stormy Daniels: as acusações que Trump enfrenta
Questionado sobre se estaria disposta a testemunhar no próximo julgamento de Trump, disse que o faria “absolutamente”. “É assustador, mas estou ansiosa por isso, não tenho nada a esconder. Sou a única que tem dito a verdade”.
O antigo Presidente dos EUA foi, na terça-feira passada, acusado de 34 alegados crimes pelo Tribunal de Mahattan, com o objetivo de proceder a “fraude” e outros crimes que o ajudassem a vencer as eleições Presidenciais de 2016, que acabou por ganhar.
Em específico, é acusado de pagar para encobrir casos que poderiam pôr em causa a sua reputação. Um deles foi à atriz pornográfica Stormy Daniels, a quem terá pago 130 mil dólares (cerca de 120 mil euros) para que não divulgasse o encontro sexual que os dois tiveram. O problema criminal não está no pagamento em si, mas pela forma como o seu registo foi dissimulado, através da falsificação das contas da empresa para registar o pagamento como honorários a Michael Cohen, ex-advogado de Donald Trump.
“Este esquema é ilegal. O esquema violou a lei eleitoral de Nova Iorque, tornando-o num crime de conspiração para promover uma candidatura através de meios ilegais”, defendeu o procurador Alvin Bragg, na terça-feira.
Trump, que vai tentar a reeleição nas presidenciais do próximo ano, sempre negou o encontro sexual com Stormy Daniels e alega que o pagamento lhe foi feito foi para proteger a família de alegações falsas e não para influenciar a eleição.