A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, criticou, esta segunda-feira, a gestão do governo de António Costa no caso TAP. Para a bloquista, é “incompreensível a desresponsabilização permanente” do primeiro-ministro “quando as coisas correm mal”. “O primeiro-ministro tem muitas explicações a dar ao país. [Costa] gosta sempre de aparecer quando faz anúncios, mas nunca aparece na hora de assumir responsabilidades. Faz de conta que não sabe”, atirou.

As críticas surgem após António Costa ter indicado que, se tivesse tido conhecimento da correspondência, obrigaria o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, a demitir o secretário de Estado devido ao e-mail enviado por Hugo Mendes a pedir à CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, para mudar a data de um voo que tinha como passageiro Marcelo Rebelo de Sousa. “Ainda bem que o BE propôs a comissão de inquérito”, saúda Catarina Martins em Castelo Branco, referindo que isso dissipa as “dúvidas” da “importância” deste passo.

Costa diz que e-mail de Hugo Mendes sobre voo de Marcelo é “gravíssimo” e levaria a demissão na hora

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A bloquista considera que é mais “importante” saber o que se passou na companhia aérea do que manter tudo em segredo. “Toda a verdade tem de ser esclarecida e todas as responsabilidades têm de ser apuradas. Há também outras perguntas que ficam em relação ao Governo noutras empresas”, sugeriu Catarina Martins.

Sobre a possibilidade de o Bloco de Esquerda apresentar uma moção de censura, Catarina Martins enfatizou que “nesta altura não faz sentido”, mas não rejeitou por completo essa possibilidade no futuro. “Naturalmente, só o Presidente da República tem capacidade para dissolver a Assembleia da República”, explicou, vincando que o governo português é de “maioria absoluta”.

“Se alguém não se lembrava das maiorias absolutas do PS, acho que agora se lembram da pior maneira”, atirou Catarina Martins, que fala num cenário de “instrumentalização das empresas públicas” e por parte dos socialistas, que pensam que “podem dar ordens e manipular as empresas públicas ao seu interesse em vez do interesse público”.