A antiga líder do Brasil Dilma Rousseff prometeu que o Banco dos BRICS vai conceder crédito aos países em desenvolvimento sem condicionantes políticas, na tomada de posse como líder da instituição de crédito multilateral.

“O Novo Banco de Desenvolvimento surge como uma verdadeira plataforma de cooperação entre as economias emergentes, em que condicionantes não farão parte do menu de soluções“, apontou Dilma, no discurso proferido esta quinta-feira durante a cerimónia de tomada de posse como presidente da organização, criada pelo BRICS, o bloco de economias emergentes que junta Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

O banco multilateral “vai manter uma visão de desenvolvimento compartilhado, que respeite e afirme a soberania de cada país” e “não imporá condições extra financeiras”, disse.

As palavras de Dilma refletem a retórica de Pequim, que frequentemente refere que as suas linhas de crédito “não têm condições políticas subjacentes”, contrastando com as instituições ocidentais, incluindo o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que geralmente exigem que o destinatário cumpra mudanças estruturais de governação e adote as “melhores práticas” internacionais.

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Dilma Rousseff eleita nova presidente do banco do grupo de economias emergentes BRICS

Esta posição adquire nova dimensão num período de fricções geopolíticas, que resultaram na fragmentação das cadeias de produção, visando enfraquecer o papel central da China, e em sanções contra Moscovo, na sequência da invasão da Ucrânia.

“A fundação do Novo Banco de Desenvolvimento pelo BRICS, além de um acontecimento histórico, é uma demonstração da importância da relação destes países e do seu compromisso com o multilateralismo e a cooperação Sul – Sul, num mundo que atravessa profundas transformações”, afirmou Dilma.

A responsável apontou ainda para o “compromisso inarredável” da instituição com a agenda para o clima e ambiente.

“Apoiamos as estratégias dos países membros que reduzem as emissões de gases com efeito estufa, financiando energias renováveis, infraestrutura verde e resiliente, na direção de um crescimento de baixo carbono”, sublinhou. “O Banco do BRICS está comprometido em ajudar os países membros a alcançarem os objetivos do desenvolvimento sustentável e os compromissos assumidos sob o Acordo de Paris”.

O bloco de economias emergentes BRICS reuniu-se pela primeira vez em 2009 – na altura ainda sem a África do Sul -, na sequência da crise financeira global, e logo estabeleceu uma agenda focada na reforma da ordem internacional, visando maior protagonismo dos países emergentes em organizações como as Nações Unidas, o Banco Mundial ou o FMI.

No conjunto, os BRICS representam cerca de 40% da população mundial e 24% do produto global bruto.

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O acordo para o estabelecimento do Novo Banco de Desenvolvimento foi assinado durante a cimeira do BRICS realizada na cidade brasileira de Fortaleza, em 2014, quando Dilma era presidente do Brasil. O banco iniciou as operações no ano seguinte.

A instituição aprovou já 70 projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável no valor de mais de 25 mil milhões de dólares (22,75 mil milhões de euros), incluindo nas áreas da energia limpa, saúde pública, educação, água, saneamento ou transporte.