Miguel Oliveira estava de regresso no Grande Prémio das Américas, tudo a partir daqui era uma incógnita. Incógnita 1: teria o português a permissão por parte da organização para voltar a correr? Sim. Incógnita 2: estaria o piloto da RNF em condições para rodar a 100% ou perto disso? De forma aparente, sim. Incógnita 3: conseguiria o Falcão voltar a abrir asas como tinha acontecido no Algarve depois de um primeiro dia de treinos livres aquém do esperado? Essa era a única dúvida ainda de pé, adensada com um 15.º lugar na sessão inicial de treinos livres. As melhorias estavam lá, o resultado acabou por ser o mesmo.

“A avaliação foi feita às 11h30, tenho o ok para correr. Sabíamos que, à partida, não ia haver algum tipo de resistência em estar pronto para correr, obviamente que o tempo natural de recuperação não é de todo o necessário mas acredito que em cima da mota terei mais certezas de que as sensações são boas”, tinha dito à SportTV em Austin na véspera. “Correr aleijado nunca corre bem, a nossa decisão veio em base de tentar antecipar um bocadinho esse desconforto. Quando se anda, para entender a mota, tem de se andar a 100%. Sobretudo agora, com o formato que temos do fim de semana, temos de andar a uma intensidade muito alta sempre, correr aleijado não é de todo o ideal e preferimos ganhar um pouco mais de tempo. A viagem também era longa e fazia todo o sentido ter esta pequena pausa para recuperar e para me preparar o máximo possível fisicamente, para estar apto para este Grande Prémio, que é um Grande Prémio num dos traçados mais difíceis fisicamente para o corpo. Espero que seja um ponto de viragem para mim neste circuito, já tive bons resultados aqui no Moto2 e no Moto3. No MotoGP foram anos difíceis…”, acrescentou.

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Depois de entrar nos 15 minutos finais dos TL2 com o quinto melhor tempo combinado, o número 88 entrou nos derradeiros dez minutos já no limite de uma entrada no Q2 exatamente com o décimo melhor registo. Foi nessa altura que voltou a sair para a pista, com as Aprilia de Maverick Viñales e Aleix Espargaró a brilharem antes de começar mais um capítulo do domínio da Ducati por Luca Marini e Pecco Bagnaia. Miguel Oliveira ficou a 26 milésimos na primeira volta da última saída, não saindo da 12.ª posição, mas ameaçou de seguida uma volta canhão que não se concretizou devido a um pequeno erro no segundo setor. Com isso, e antes de passar pelo pit lane para trocar apenas o pneu traseiro, iria sair de novo para a pista com o 13.º tempo depois de duas quedas que não deixaram aparentes marcas no piloto da RNF Aprilia.

Entre Marco Bezzecchi, Jack Miller ou Miguel Oliveira havia muitos concorrentes para tentar saltar para a zona de Q2 que tinha Jorge Martín a fechar no décimo lugar. O espanhol, mais uma vez, voltou a destacar-se em velocidade e terminou com o melhor tempo, sendo que quem tentava ainda recuperar alguns lugares acabou prejudicado nos segundos finais por uma queda de Johann Zarco que levou a bandeira amarela. Oliveira abrandou na penúltima volta para ter uma última tentativa mas acabou por falhar logo no primeiro setor, terminando de novo com o 15.º melhor tempo. Entraram assim na Q2 Martín, Bagnaia, Álex Rins, Marini, Álex Márquez, Viñales, Fabio Quartararo, Aleix Espargaró, Jack Miller e Bezzecchi, ficando como principais adversários teóricos do português na Q1 Joan Mir, Brad Binder, Nakagami e Johann Zarco.

[Já saiu: pode ouvir aqui o quinto episódio da série em podcast “O Sargento na Cela 7”. E ouça aqui o primeiro episódio, aqui o segundo episódio, aqui o terceiro episódio e aqui o quarto episódio. É a história de António Lobato, o português que mais tempo esteve preso na guerra em África.]