O encontro dos líderes da extrema-direita como Jair Bolsonaro ou Matteo Salvini em Lisboa organizado por André Ventura, assim como a vinda do Presidente brasileiro, Lula da Silva, que discursará no Parlamento no 25 de abril, estão a preocupar as forças de segurança. Ao Expresso, uma fonte ligada à segurança interna diz que as autoridades estão em “estado de alerta”, tendo-se realizado esta semana uma reunião para discutir a estratégia a seguir nos dois momentos considerados vulneráveis.

“Há o risco de a presença de Lula, Bolsonaro e Salvini neste contexto de ­maior contestação social poder ser aproveitado por coletivos mais radicais que pretendem apenas espalhar a violência”, salienta a mesma fonte ao Expresso. O jornal explica que, nas redes sociais, os grupos ligados à extrema-esquerda e à extrema-direita estão a ser monitorizados pelos serviços de segurança para entender de que forma é que poderão reagir à chegada dos líderes a Lisboa.

“Em alguns destes fóruns há ativistas que estão a incentivar ações de protesto mais musculadas, com expressões como ‘vamos à guerra’ ou ‘está na altura de mostrar o que valemos’”, descreve a fonte de segurança interna ao semanário.

Por sua vez, Hugo Costeira, presidente do Observatório de Segurança Interna, sublinha ao Expresso que a vinda dos dirigentes políticos está a ser avaliada de forma minuciosa pelos serviços de informações. O responsável admite ser “provável” que alguns dos líderes possam necessitar de “segurança adicional por parte do Corpo de Segurança Pessoal da PSP, que se juntará aos guarda-costas que trazem consigo dos seus países”. O que mais preocupa atualmente as autoridades, segundo Hugo Costeira, é mesmo a segurança do antigo Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Hugo Costeira assinala que os serviços de informações estão a tentar apurar o grau de ameaça, tentando entender se há grupos que se poderão unir para protestar contra a presença destas individualidades. “Nos últimos anos tem havido um declínio do terrorismo de matriz islâmica radical, mas tem subido o de extrema-direita e extrema-esquerda. Estes últimos são os que causam mais tumultos públicos. Um dado que tem que ser equacionado em Portugal”, destaca Hugo Costeira.

É mesmo “expectável” que possa haver confrontos e tensão em Lisboa. Hugo Costeira acredita também que a presença de Bolsonaro é que a que mais caos pode causar. “Temos uma grande comunidade brasileira em Portugal, muito dividida entre os pró-Lula e os pró-Bolsonaro. É preciso agora saber se o underground destes apoiantes é suficiente para causar alterações à ordem pública”, explicou.

O encontro entre os líderes da extrema-direita, organizada pelo Chega, acontecerá no fim de semana de 13 e 14 de maio. Já Lula da da Silva chega a Portugal a 22 de abril e estará até dia 25 em território nacional.