O ministro da Saúde defendeu que criar equipas dedicadas à urgência “é um avanço” para melhorar o serviço, mas esclareceu que o ministério ainda está em “plena fase de negociação” com os sindicatos, que envolve propostas e contrapropostas.
Após a última reunião com o ministério, o Sindicato Independente dos Médicos adiantou, em comunicado, que foi “aceite a regulação das equipas dedicadas de urgência e de períodos dedicados ao serviço de urgência com a devida compensação”, uma proposta que a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) recusou, alegando que se trata de uma “verdadeira agenda do trabalho indigno” sem prever a valorização salarial.
Questionado sobre esta matéria à margem da inauguração da Unidade de Saúde Mental Comunitária de Loures, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, afirmou que o Governo está “num processo negocial de boa-fé” com os sindicatos que “envolve propostas, envolve contrapropostas e envolve um diálogo” que deve ser feito com “a devida tranquilidade”.
Mas considerou que a criação destas equipas “é um avanço” porque “todos reconhecem a importância de haver equipas de profissionais dedicados à urgência”, que tem “um peso muito grande” na atividade do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
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“Nós temos de fazer muitas coisas para melhorar a urgência, incluindo criar alternativas às pessoas para não terem que ir à urgência”, prosseguiu, comentando que “em Portugal vai-se demais à urgência” e a “culpa não é seguramente das pessoas e dos doentes”.
“A responsabilidade é do nosso sistema de saúde. Nós não fomos capazes de criar boas alternativas para as pessoas se sentirem seguras”, rematou o governante.
Questionado se as horas extraordinárias são uma alternativa para resolver o problema das urgências, afirmou que “quando são necessárias, têm que ser feitas, porque são uma forma de garantir um serviço às populações”.
No entanto, alertou: “Nós estamos numa negociação sindical, numa negociação de boa-fé. Portanto, nós fazemos propostas, aguardamos as respostas dos sindicatos e fazemos este diálogo com tranquilidade”.
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Segundo Manuel Pizarro, a proposta apresentada pelo Governo sobre a organização do tempo de trabalho dos médicos no serviço de urgência é igual à que vigora no Hospital de Cascais.
“Há um acordo no Hospital de Cascais, entre a administração do hospital e os dois sindicatos, que foi mais ou menos transposto para a proposta do Governo”, sublinhou.