“Sombras Brancas”
Parte biografia do escritor José Cardoso Pires, parte recriação do AVC que o vitimou aos 71 anos e levou, após a recuperação, à escrita de De Profundis, Valsa Lenta, parte narrativa fantástico-onírica passada no interior da cabeça do autor durante o tempo em que esteve a ser tratado, feita de recordações pessoais, aparições de personagens reais e saídas das ficções que escreveu, e momentos surreais, “Sombras Brancas” é uma aposta arriscada por parte do realizador Fernando Vendrell. Apesar de ter altos e baixos, a fita é levada a bom porto e tem fortes esteios nas interpretações de Rui Morisson como Cardoso Pires idoso e de Natália Luiza na sua mulher Edite, e numa realização que resiste à tentação “efeitista”, sobretudo nas sequências da doença.
“Close”
Leo (Eden Dambrine) e Rémi (Gustav De Waele), ambos de 13 anos, são amigos como irmãos. Mas quando entram na escola secundária, os dois rapazes começam a ouvir piadas e sugestões dos colegas sobre se são homossexuais. Leo reage a isto com mais veemência do que Rémi e o que parecia ser uma amizade de ferro, desfaz-se, acabando por originar uma tragédia. “Close”, do belga Lukas Dhont, ganhou o Grande Prémio do Festival de Cannes e esteve nomeado para o Óscar de Melhor Filme Internacional, e o acontecimento inesperado que parte a história a meio leva-a para águas mais previsíveis e convencionais, embora o realizador não perca o controlo do tom da fita e não abdique da reserva emocional em favor do sentimentalismo raso (pode ler a crítica aqui).
“Suzume”
A nova longa-metragem de animação de Makoto Shinkai (“O Tempo Contigo”) tem como heroína a Suzume do título, uma adolescente de 17 que vive com a tia após ter perdido a mãe e a casa no devastador sismo de de 11 março de 2011, na região de Tohoku, quando tinha quatro anos. Suzume encontra uma manhã na rua, quando vai a caminho da escola, um belo e estranho rapaz, na companhia do qual se lança numa aventura fantástica e perigosa, que não só a vai levar por todo o país, como também a revisitar o passado e a sua infância, e a compreender enfim um sonho que desde então a assombra. “Suzume” foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.