A AR TV, o canal do Parlamento, apagou o vídeo onde o presidente da Assembleia da República, o primeiro-ministro e o Presidente da República comentavam o ralhete de Augusto Santos Silva ao Chega na sessão de boas-vindas ao Presidente do Brasil, Lula da Silva. Após o Observador noticiar o momento em texto e vídeo — que estava até então disponibilizado pelos serviços no site www.canal.parlamento.pt (neste link) — as imagens foram apagadas e Augusto Santos Silva desmentiu algumas das interpretações dadas às suas palavras nesse vídeo.

Imagem do link da AR TV onde, até à notícia do Observador, se podia assistir ao vídeo.

Ao final da tarde desta quarta-feira, o Observador noticiou que houve um momento após a sessão de Lula da Silva em que o presidente da Assembleia da República justificou a sua “fúria” com o Chega, criticou a IL e recebeu a concordância do Presidente da República.

Na mesma notícia, o Observador dava conta que o Presidente da AR tinha acusado a IL de “falta de integridade política”. Referindo que o som não é totalmente percetível Santos Silva garante, numa nota do seu gabinete, ter usado a expressão “falta de maturidade política” e não “falta de integridade política” ao falar sobre a IL. A nota afirma ainda que, também ao contrário do que escreveu o Observador, não se estava a referir à eventual escolha de um vice-presidente pela IL, mas sim pelo Chega, quando disse: “Eles hoje, aliás, fizeram uma belíssima campanha eleitoral para um futuro cargo de vice-presidente”.

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O pós-ralhete nos bastidores. Santos Silva justificou “fúria” a Costa, atacou Iniciativa Liberal e Marcelo concordou com tudo

O gabinete do presidente da AR argumenta que “basta ter em conta as exortações públicas que o PAR já fez para a apresentação de uma nova candidatura da IL a uma vice-presidência”. No entanto, as imagens mostram que, logo após dizer “na próxima vez que se apresentarem a votação…”, falando sobre a vice-presidência da AR, Augusto Santos Silva refere-se — sem que haja nenhuma interrupção — à Iniciativa Liberal.

O presidente da AR acrescenta que lamenta que “uma conversa informal e privada (cuja gravação sonora não foi autorizada) tenha sido tornada pública nestas condições, em que a legendagem surge distorcida exatamente nos pontos, que o jornal decide valorizar no titulo, que vieram a provocar uma polémica totalmente injustificada”. Santos Silva sugere, aqui, que o Observador divulgou um vídeo com um áudio não autorizado, mas omite que foi o próprio canal do Parlamento a divulgar o vídeo com som no seu site.

Para que os leitores tenham todas as informações, o Observador, além de ter retirado do vídeo a palavra contestada por Santos Silva, publica aqui na íntegra a nota do gabinete do Presidente da Assembleia da República:

“O Gabinete do PAR vê-se lamentavelmente obrigado a corrigir uma peça divulgada pelo Observador, já que o PAR nunca se referiu à IL nos termos divulgados.

Quando é mencionada uma candidatura a uma vice-presidência da AR, o PAR não se estava a referir à IL. Basta ter em conta as exortações públicas que o PAR já fez para a apresentação de uma nova candidatura da IL a uma vice-presidência.

Em segundo lugar, apesar das deficientes condições sonoras da gravação, o PAR nunca se referiu ao protesto da IL como representando falta de integridade política, mas sim (som não totalmente percetível), o que afirmou foi que o protesto não revelou falta de educação, mas falta de maturidade política.

Lamenta-se que uma conversa informal e privada (cuja gravação sonora não foi autorizada) tenha sido tornada pública nestas condições, em que a legendagem surge distorcida exatamente nos pontos, que o jornal decide valorizar no título, que vieram a provocar uma polémica totalmente injustificada.”