Os lucros da Infraestruturas de Portugal (IP) mais do que triplicaram em 2022 para 48 milhões de euros em relação a 2021, quando obteve resultados de 14 milhões de euros, adiantou esta quinta-feira em comunicado.
Na nota, divulgada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a empresa revelou que registou “em 2022 um resultado líquido positivo de 48 milhões de euros, o que representa uma melhoria de 34 milhões de euros face ao resultado de 14 milhões de euros verificado em 2021″.
Segundo a empresa, o EBITDA (resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) do ano passado foi 507 milhões de euros, um aumento de 2% em termos homólogos.
De acordo com o grupo, que gere a rede ferroviária e rodoviária nacionais, os seus rendimentos operacionais “apresentaram um crescimento de 6% tendo atingido os 1.313 milhões de euros, enquanto os gastos operacionais, excluindo amortizações e depreciações, apresentaram um crescimento de 9%, ou +68 milhões de euros”, atingindo 806 milhões de euros.
A IP destacou que para este aumento “contribuíram, particularmente, os gastos com conservação e manutenção na rede rodoferroviária e os gastos com eletricidade”, assinalando ainda que “para compensar o efeito causado pelo aumento dos gastos operacionais” houve o “contributo da melhoria conseguida ao nível dos resultados financeiros”.
A empresa garantiu que, no ano passado, manteve “o enfoque em assegurar adequados níveis de serviço e qualidade das redes rodo e ferroviária” isto “apesar das naturais perturbações decorrentes do elevado nível de investimento em curso”, que foi “traduzido no aumento das atividades de conservação e manutenção”, refletindo-se “no aumento dos respetivos gastos que ascenderam a 200 milhões de euros, 5% acima do nível registado em 2021”.
A empresa destacou ainda “o surgimento da crise geopolítica na Europa desencadeada pelo conflito na Ucrânia”, que se fez “sentir de forma mais expressiva na IP ao nível do custo da energia, designadamente nos gastos com eletricidade”. Assim, esta rubrica “atingiu os 33 milhões de euros, o que representou um aumento de 19 milhões de euros (+131%) face ao ano anterior”, mas, “no âmbito da operação ferroviária, cerca de 10 milhões de euros foram objeto de refaturação de energia de tração aos operadores ferroviários”.
A IP realçou, por outro lado, “o nível de execução do investimento nas infraestruturas rodoferroviárias que, em 2022, ascendeu a 466 milhões de euros, o que representa não só um aumento de 72% face ao período homólogo de 2021, mas também o nível mais alto de investimento realizado desde 2010”.
De acordo com a empresa, o programa Ferrovia 2020 registou no ano passado “uma execução no montante de 348 milhões de euros”. Em 2022, “a execução do Programa Nacional Investimentos 2030 (PNI2030) centrou-se essencialmente na componente ferroviária, maioritariamente, no desenvolvimento de estudos e projetos, como sejam os relativos à Nova Linha de Alta Velocidade Porto — Lisboa”, disse a IP.
Por outro lado, ao nível da rodovia, “releva-se o início da fase de obra, após os trabalhos preparatórios, dos investimentos na rede rodoviária abrangidos pelo Plano de Recuperação e Resiliência”, com uma execução financeira que atingiu, em 2022, os 17 milhões de euros, referiu.
A IP revelou que o resultado financeiro manteve uma trajetória de desagravamento “com uma variação positiva de 29 milhões de euros face a 2021, fixando-se em -191 milhões de euros”.
Além disso, no ano passado “assistiu-se à redução do stock de dívida financeira da IP em 129 milhões de euros, fixando-se este agregado no final de dezembro de 2022 em 4.016 milhões de euros”, destacou.
A IP deu ainda conta da “manutenção da política de financiamento prosseguida pelo acionista de reforço dos capitais próprios da empresa através de operações de aumento de capital que, em 2022, ascenderam a 1.282 milhões de euros”.