O líder checheno, Ramzan Kadirov, expressou esta sexta-feira a disposição para substituir o Grupo Wagner em Bakhmut com as suas unidades especiais, depois do líder dos mercenários, Yevgueni Prigozhin, ter ameaçado abandonar esta frente de combate por falta de munições.

“Se o irmão mais velho Prigozhin e Grupo Wagner partirem, o Estado-Maior perderá uma unidade experiente, mas o irmão mais novo Kadirov e [a unidade especial] Akhmat virão em seu lugar”, disse na plataforma digital Telegram.

Kadirov afirmou que o destacamento “é questão de algumas horas” e que os seus soldados “já estão preparados para avançar e tomar a cidade”.

O líder checheno disse que espera ter a firmeza do alto comando e dos soldados russos no que diz respeito ao cumprimento das ordens do comandante supremo das Forças Armadas e Presidente russo, Vladimir Putin, depois de Prigozhin lamentar a falta de apoio de Moscovo.

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Kadirov lembrou que as unidades chechenas já lutaram com os mercenários do Grupo Wagner em lugares como Popasna, Severodonetsk e Lisichansk, cidades da região de Lugansk.

“Juntos cumprimos o dever sagrado perante a pátria sem divisões por etnia ou fé. Os interesses do Estado devem estar em primeiro lugar”, afirmou.

Também criticou o facto do Ministério da Defesa russo não ter comentado as declarações do líder do Grupo Wagner nem manifestado disponibilidade para encontrar-se com Prigozhin, a quem elogiou pela sua “contribuição inestimável” para a libertação da região do Donbass (leste da Ucrânia).

O Grupo Wagner anunciou esta sexta-feira que retirará os seus mercenários de Bakhmut em 10 de maio, numa guerra aberta com o Ministério da Defesa da Rússia por falta de munições.

“Retiro as unidades de Wagner de Bakhmut porque estão condenadas a uma morte sem sentido por falta de munições”, disse Yevgueni Prigozhin, num comunicado dirigido, entre outros, ao Presidente Vladimir Putin e ao povo russo.

Bakhmut, palco desde agosto de 2022 da mais longa e sangrenta batalha da guerra na Ucrânia, é atualmente o principal objetivo da campanha militar russa.

Até agora, os mercenários e ex-presidiários recrutados por Prigozhin tomaram praticamente toda a cidade, onde os defensores ucranianos controlarão apenas 2,5 quilómetros quadrados.

Prigozhin acusou esta sexta-feira os “burocratas militares” de impedi-lo de tomar Bakhmut coincidindo com o Dia da Vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazi (dia 9 de maio), alegando que os seus homens têm apenas 10% das munições de que precisam.

Por isso, pediu a Moscovo um despacho com a data da “transferência dos cargos que Wagner ocupa na cidade de Bakhmut para unidades do Exército Russo”.