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O escritor russo Zakhar Prilepin ficou ferido num alegado ataque com bomba a um carro onde viajava, este sábado, levando Moscovo a acusar o regime de Kiev de “terrorismo” alimentado pelos EUA e pelo Ocidente. Uma outra pessoa morreu, de acordo com a informação disponível, e um suspeito terá sido detido. Quem é este escritor nacionalista que tem mais de 300 mil seguidores no Telegram e foi, desde o início, um dos principais apoiantes de Vladimir Putin?
Após a explosão deste sábado, a agência TASS citou os porta-vozes de Prilepin para dizer que ele estava “bem”. Não foram fornecidos pormenores sobre a extensão dos ferimentos. A agência noticiosa russa RBC noticiou, citando fontes não identificadas, que neste sábado Prilepin regressava a Moscovo vindo das regiões ucranianas parcialmente ocupadas de Donetsk e Luhansk e, acompanhado pela família, parou na região de Nizhny Novogorod para uma refeição.
Segundo a mesma agência, que cita uma fonte dos serviços de emergência, “ele sobreviveu mas ficou ferido – está consciente”. Mas uma outra pessoa morreu. Maria Zakharova, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, avançou imediatamente uma explicação para o incidente. “O facto consumou-se: Washington e a NATO alimentaram mais uma célula terrorista internacional – o regime de Kiev”.
Um suspeito terá sido detido, segundo o Kremlin.
Yevgeny Nikolayevich Prilepin tem 47 anos, é casado, e já se apresentou como o homem que quer “purgar o espaço cultural” de opositores ao regime de Putin. “Purgar o espaço cultural” no país, um eufemismo para identificar e denunciar artistas que são contra a guerra, é o objetivo do grupo parlamentar que Prilepin criou em agosto. O grupo chama-se GRAD, sigla russa para Comissão para as Atividades Culturais Anti-Russas.
Prilepin tornou-se apoiante do Presidente russo, Vladimir Putin, em 2014, depois de Putin ter anexado ilegalmente a península da Crimeia. O escritor e político também esteve a combater no conflito no leste da Ucrânia, ao lado dos separatistas apoiados pela Rússia – é um veterano da guerra na Chechénia. No ano passado, foi alvo de sanções por parte da União Europeia pelo seu apoio à invasão total da Ucrânia pela Rússia.
Em 2020, fundou um partido político, “Pela Verdade“, que os meios de comunicação social russos noticiaram ser apoiado pelo Kremlin. Um ano mais tarde, o partido de Prilepin fundiu-se com o partido nacionalista “Uma Rússia Justa”, que tem assentos no parlamento. Copresidente do partido recém-formado, Prilepin ganhou um lugar na Duma, a Câmara Baixa do parlamento russo, nas eleições de 2021, mas desistiu.
Esta foi a terceira explosão envolvendo figuras proeminentes pró-Kremlin desde o início da guerra na Ucrânia. Em agosto de 2022, um atentado à bomba nos arredores de Moscovo matou Daria Dugina, filha de um influente teórico e pensador político russo frequentemente referido como “o cérebro de Putin”. As autoridades alegaram que a Ucrânia estava por detrás da explosão.
No mês passado, uma explosão num café em São Petersburgo matou um popular bloguista militar, Vladlen Tatarsky . As autoridades culparam, mais uma vez, os serviços secretos ucranianos pela sua orquestração.