A cerca de três meses para a Jornada Mundial de Juventude (JMJ), a higiene urbana e a mobilidade são algumas das questões que mais preocupam as juntas de freguesia de Lisboa, que se queixam de falta de informação.
Ouvidos pela agência Lusa, alguns autarcas da cidade de Lisboa explicaram como é que as respetivas autarquias se estão a preparar para receber os peregrinos que vêm participar na JMJ, manifestando um misto de entusiasmo com apreensão.
“Nós vamos ter aqui cerca de um milhão de pessoas a visitar o Castelo de São Jorge, a Baixa, Alfama, a Mouraria. Estamos a organizar os serviços de higiene urbana para responder a uma procura 7/8 vezes maior àquela que é normal no mês de agosto”, disse à Lusa Luís Coelho (PS), responsável na freguesia de Santa Maria Maior pela JMJ.
Segundo referiu Luís Coelho, a questão da higiene urbana é mesmo “uma das grandes dores de cabeça” que a autarquia está a ter, tendo já defendido junto da Câmara de Lisboa um conjunto de medidas que deverão ser adotadas, como o reforço do número de papeleiras e contentores, a colocação de várias casas de banho e limitações de circulação na zona histórica da cidade.
“Nós sugerimos que, uma semana antes da JMJ, durante a JMJ e uma semana após a JMJ, o centro histórico estivesse reservado e impedido à circulação de veículos automóveis. Ficaria só reservado para os transportes públicos e, eventualmente, TVDE”, apontou.
Ainda no âmbito da higiene urbana, a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior abriu um concurso por edital para a contratação de 40 pessoas (contrato para prestação de serviço) para reforçar as equipas de limpeza durante junho, julho, agosto e setembro deste ano.
Na freguesia do Parque das Nações, local onde ficará localizado o principal recinto da JMJ, o presidente da Junta, Carlos Ardisson (CDS-PP), assegura que a autarquia está “disponível para ajudar”, mas reivindica mais informação sobre os procedimentos que terão de ser adotados durante o evento.
Faltam 100 dias para a Jornada Mundial da Juventude e 10 mil voluntários
“Temos sentido muita falta do plano de Saúde e de Mobilidade, que o Governo já deveria ter divulgado. Por exemplo, não temos conhecimento das vias que vão ser utilizadas para chegar ao local do recinto. Temos uma ideia, porque conhecemos o território, mas não temos as coisas oficialmente definidas”, queixou-se.
Relativamente aos trabalhos preparatórios, o autarca explicou que a Junta de Freguesia do Parque das Nações tem estado envolvida na vertente da divulgação e no reforço das condições de higiene urbana.
“Estaremos com a higiene urbana preparada. Nós também passámos por um processo de internalização dos serviços, que eram contratados a uma empresa externa, e, portanto, desde o início de abril assumimos a gestão. Temos maquinaria que comprámos, que alugámos e que até está mais reforçada do que estava antes”, assegurou.
O sentimento de falta de informação é também manifestado pelo presidente da Junta de Freguesia de Carnide, Fábio Sousa (PCP), que assegura querer ser “um parceiro” do evento.
“Queremos ser parceiros e facilitadores, mas há muita incerteza em cima da mesa”, lamentou.
O autarca ressalvou que “o desconhecimento dos planos de saúde, segurança e mobilidade tem condicionado” o apoio que a Junta de Freguesia de Carnide possa prestar e até o processo de acolhimento de voluntários por parte dos agrupamentos de escolas.
Em contrapartida, na vizinha Junta de Freguesia de Benfica a preparação para a JMJ encontra-se numa fase mais adiantada e já com alguns projetos a serem desenvolvidos, segundo contou à Lusa o presidente, Ricardo Marques (PS).
“O papel da junta irá passar por apoiar o acolhimento nos espaços públicos disponibilizados (escolas públicas e dois complexos desportivos) que colocámos à disposição da Jornada da Juventude”, afirmou o autarca.
Ricardo Marques perspetivou que possam ser acolhidos na freguesia de Benfica 4.500 jovens, distribuídos por espaços públicos coletivos e por famílias de acolhimento, estando também a autarquia a trabalhar já em questões logísticas.
“Vamos disponibilizar refeições no refeitório da Escola Pedro Santarém, cerca de 1.200 refeições ao almoço e ao jantar. Vamos também criar uma zona de convívio na Quinta da Granja”, contou.
Na sexta-feira, em declarações à Lusa, o coordenador da JMJ na Diocese de Lisboa adiantou que até, ao momento, foram registadas na região 4.500 famílias de acolhimento de peregrinos e identificados 1.621 espaços coletivos de alojamento.
A Jornada Mundial da Juventude, considerada o maior acontecimento da Igreja Católica, vai realizar-se este ano em Lisboa, entre 1 e 6 de agosto, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas. As principais cerimónias da jornada decorrem no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.