O Prémio Princesa das Astúrias das Ciências Sociais 2023 foi atribuído esta quarta-feira em Oviedo, Espanha, à historiadora francesa Hélène Carrère d’Encausse, especialista na história da Rússia e da União Soviética.
Para o júri do prémio, a obra de Hélène Carrère d’Encausse, nascida em Paris em 1929, “é provavelmente a contribuição mais substantiva” das últimas décadas para “o conhecimento da União Soviética e da Rússia, um dos temas essenciais para a compreensão do mundo contemporâneo”.
A obra da historiadora inclui monografias de investigação, biografias e grandes ensaios “de interpretação histórica”, como se lê na ata do júri do prémio, que realça ainda o trabalho de Hélène Carrère d’Encausse como deputada no Parlamento Europeu, entre 1994 e 1995.
“Em coerência com a sua especialização historiográfica, e como deputada do Parlamento Europeu, ocupou-se preferencialmente das relações entre a União Europeia e a Rússia”, lê-se no mesmo texto.
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A historiadora é também membro eleito da Academia Francesa e é desde 1999 a “secretária perpétua” desta instituição, sendo a primeira mulher a ocupar o cargo.
“Hélène Carrère d’Encausse é uma das personalidades mais brilhantes, originais e distintas da historiografia francesa e do pensamento europeu contemporâneo”, diz o júri do Prémio Princesa das Astúrias das Ciências Sociais 2023.
O Prémio Princesa das Astúrias das Ciências sociais distingue “trabalhos de criação e/ou investigação em história, direito, linguística, pedagogia, ciência política, psicologia, sociologia, ética, filosofia, geografia, economia, demografia e antropologia, assim como as disciplinas dentro de cada uma destas áreas”.
Em anos anteriores, este prémio foi atribuído ao arqueólogo mexicano Eduardo Matos Moctezuma (2022), ao economista indiano Amartya Sen (2021), ao economista turco Dani Rodrik (2020), ao sociólogo Alejandro Portes (2019), ao filósofo norte-americano Michael J. Sandel (2018), ao britânico David Attenborough (2009), à ex-Presidente da Irlanda Mary Robinson (2006) e ao economista norte-americano Paul Krugman (2004), entre outros.
Este foi o terceiro dos oito Prémios Princesa das Astúrias a ser atribuído este ano, naquela que é a 43.ª edição destes galardões.
Ao professor, escritor e filósofo italiano Nuccio Ordine foi atribuído o Prémio Princesa das Astúrias da Comunicação e Humanidades 2023 à atriz norte-americana Meryl Streep o das Artes. Nas próximas semanas serão decididos os prémios do Desporto, das Letras, da Cooperação Internacional, da Investigação Científica e Técnica e da Concórdia.
São atribuídos anualmente oito Prémios Princesa das Astúrias, que distinguem o “trabalho científico, técnico, cultural, social e humanitário” realizado por pessoas ou instituições a nível internacional.
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A cerimónia de entrega dos prémios realiza-se em outubro, em Oviedo, e é presidida pelos reis de Espanha e pelas duas filhas, a mais velha das quais, Leonor de Borbón, é a princesa das Astúrias e a herdeira da Coroa espanhola. Cada prémio consiste numa escultura do artista espanhol Joan Miró, um diploma, uma insígnia e 50 mil euros.