O Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou esta segunda-feira que “abriu a porta a formar” pilotos ucranianos de aviões de combate “a partir de agora”, um dia depois de um encontro em Paris com o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky.
“Vários outros países europeus estão prontos para isso. Acredito que as discussões estão em andamento com os americanos”, declarou o Presidente francês em entrevista ao canal TF1, considerando por outro lado que uma possível entrega futura de aviões de combate a Kiev “seria um debate teórico”.
“Precisamos de começar a formação hoje, este é o acordo a que chegaram vários países europeus”, declarou, sem mais detalhes sobre este processo, embora tenha acrescentado que “não existe tabu” sobre este assunto.
Até agora, Paris adiou a questão de uma possível entrega futura de aeronaves de combate, explicando em particular que levaria longos meses para formar pilotos. O início desta formação pode, a prazo, também abrir caminho à entrega de aviões.
Sobre armamento, o chefe de Estado não quis detalhar as novas promessas mencionadas na véspera durante a visita do seu homólogo. “Decidimos entregar novas munições”, limitou-se a dizer.
Referiu ainda, sem mais pormenores, a formação das tropas ucranianas “que se encarregarão de liderar a contraofensiva e resistir” contra a Rússia, nomeadamente para “reparar viaturas e armas”.
“Isso também é o que a Ucrânia precisa”, defendeu, quando a França é por vezes acusada de fazer menos do que outros grandes países europeus, como o Reino Unido e a Alemanha, na entrega de armamento a Kiev.
Segundo Emmanuel Macron, “a estratégia da França é simples: ajudar a Ucrânia a resistir, organizar, quando quiser, uma contraofensiva para poder trazer todos de volta à mesa de negociações e nas condições que ela escolher, para construir uma paz duradoura”.
No domingo à noite, em comunicado conjunto divulgado após o jantar entre Macron e Zelensky, os dois países anunciaram que a França formaria e equiparia “vários batalhões ucranianos” com “dezenas de veículos blindados e tanques leves, incluindo AMX-10RCs”.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, fez esta segunda-feira um balanço do périplo que o levou a Roma, Berlim, Paris e Londres nos últimos três dias, insistindo na necessidade de mais armas para a Ucrânia conseguir derrotar a Rússia.
O líder ucraniano agradeceu ao seu homólogo francês pelo equipamento e pelos “veículos blindados adicionais” que prometeu enviar para Kiev.
“Agradeço à França pelas novas oportunidades para os nossos soldados combaterem o terror russo, e agora não é hora de falar sobre os detalhes”, disse Zelensky sobre a ajuda francesa.
Zelensky expressou gratidão ao Reino Unido por enviar mísseis Storm Shadow de longo alcance e por concordar em formar pilotos ucranianos. “Estamos a criar uma coligação para formar pilotos [ucranianos] no uso de aeronaves ocidentais”, disse o Presidente ucraniano.
“O Reino Unido aceitou, a Polónia aceitou e tenho a certeza que a França e outros parceiros irão aderir”, sublinhou Zelensky.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).