A Irlanda do Norte realiza esta quinta-feira eleições autárquicas em 11 municípios, escrutínio que pode influenciar o impasse político que a província britânica atravessa devido ao impacto do Brexit.

As eleições, adiadas por duas semanas devido à coroação do Rei Carlos III, vão escolher 462 autarcas através do sistema de voto único transferível, diferente do modelo de voto por maioria simples usado em Inglaterra.

Os eleitores classificam os candidatos por ordem de preferência, os quais são eleitos quando atingem a quota definida para a respetiva circunscrição.

Os candidatos com menos votos vão sendo eliminados, passando as segundas preferências nos respetivos boletins para outros candidatos. A contagem dos boletins, que começa na sexta-feira, prossegue em várias rondas até estarem preenchidos todos os lugares. O processo pode prolongar-se até sábado, como aconteceu em 2019, razão pela qual o escrutínio foi adiado para não perturbar as celebrações da coroação.

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Há quatro anos, o Partido Democrata Unionista (DUP) perdeu oito lugares mas ainda assim manteve 122, acima dos 105 do Sinn Féin e dos 75 do Partido Unionista do Ulster (UUP).

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Na altura, o partido Aliança foi o que mais progrediu, quase duplicando o número de vereadores para 53, passando a quinto maior partido, atrás do Partido Social Democrata e Trabalhista (SDLP).

Além de decidir a composição de cada município, esta eleição é uma oportunidade para os norte-irlandeses se pronunciarem sobre a política regional, atualmente num impasse devido ao boicote do DUP à formação do governo e da assembleia de Stormont (sede do parlamento da Irlanda do Norte).

O partido, defensor da permanência no Reino Unido, terminou as eleições de maio de 2022 em segundo lugar, atrás do Sinn Féin, pela primeira vez na história da região.

O DUP opõe-se ao estatuto comercial da Irlanda do Norte no pós-Brexit, que mantém o território alinhado com as regras do bloco comunitário para evitar uma fronteira física com a vizinha República da Irlanda.

Os unionistas rejeitaram também o recente acordo-quadro de Windsor negociado pelo primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e a União Europeia (UE) para aliviar os problemas da circulação de mercadorias com o resto do Reino Unido.

O líder do DUP, Jeffrey Donaldson, negou na semana passada, num discurso em Belfast, que um mau resultado poderá levar o partido a ceder e a permitir a formação da assembleia e do governo regionais. Um reforço do apoio ao DUP, argumentou, vai “fortalecer a nossa posição” para forçar Londres a renegociar com Bruxelas.

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O Sinn Féin – partido nacionalista com laços ao IRA-Exército Republicano da Irlanda, que defende a reunificação das duas Irlandas – espera que um resultado favorável seja “uma revalidação das eleições de maio passado” e “envie um sinal claro” ao DUP para que levante o boicote, afirmou a vice-presidente, Michelle O’Neill, à estação UTV na segunda-feira.