“Eu perturbo a narrativa deles.” Foi esta a mensagem que Tom Scott — o único senador negro do Partido Republicano — quis trazer para a apresentação da sua candidatura presidencial, esta segunda-feira: a de que a sua história pessoal, de neto de um negro que vivia de apanhar algodão que acabou por chegar ao Senado do país, prova que as questões raciais não são um problema tão grave nos Estados Unidos de 2023 como o Partido Democrata afirma.

Bem como a ideia a de que é possível passar uma mensagem positiva ao eleitorado, que contrasta com o tom mais soturno preferido pelos adversários internos, como Donald Trump e Ron DeSantis.

EUA. Tim Scott, o único republicano afro-americano no Senado, é candidato às primárias de 2024

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“Joe Biden e a esquerda radical atacam cada degrau da escada que me ajudou a subir”, afirmou Scott perante uma plateia de cerca de duas mil pessoas, na capital do seu estado da Carolina do Sul, Charleston, esta segunda-feira. “E é por isso que hoje anunciou que me vou candidatar à presidência.”

O senador de 57 anos distancia-se da linha principal do Partido Republicano nas questões raciais. Em 2017, por exemplo, criticou o Presidente Donald Trump pela resposta que deu às manifestações neo-nazis em Charlottesville, como relembra o The New York Times. E Scott também afirma que é necessária uma reforma policial para lidar com preconceitos raciais entre os seus agentes.

Noutras matérias, porém, segue uma linha coerente com a maioria do atual Partido Republicano no Senado, assumindo-se contra o aborto e defendendo uma linha mais liberal na economia.

É esta mistura de ideias que Scott quer trazer para a campanha, usando a sua história pessoal como exemplo inspirador. “Vivemos num país onde é completamente possível um miúdo criado na pobreza, por uma mãe solteira num pequeno apartamento, vir a servir na Casa do Povo e talvez até na Casa Branca”, afirmou na apresentação da candidatura, segundo a NBC.

No discurso, o senador apresentou uma série de propostas para a sua campanha, como o reforço do Exército, a finalização do muro na fronteira, o aumento da produção nacional e o combate ao desemprego. Alguns dos temas que mais têm provocado debate no país, como o aborto, o acesso às armas e a discussão sobre temas relacionados com género e ideologia nas escolas ficaram de fora.

Relativamente ao que o distingue dos colegas de partido que querem tentar chegar à presidência, Tim Scott tentou provar que é um candidato menos divisivo do que outros, como Donald Trump, e que isso pode ser positivo. “Precisamos de um Presidente que seja capaz de persuadir não apenas os nossos amigos e a nossa base”, disse. “Temos de ter compaixão por aqueles que não concordam connosco.”