No capítulo da exportação de veículos, o Japão é há muito o campeão, assumindo-se como o país que mais veículos envia para o estrangeiro até ao final de 2022. Mesmo no primeiro trimestre de 2023, os construtores nipónicos – uma vez que não há fabricantes não japoneses a produzir neste país asiático – exportaram cerca de 950.000 veículos, mais 6% do que no período homólogo de 2022. Ainda assim, as japonesas Toyota, Nissan, Honda, Suzuki e Subaru não conseguiram evitar ser ultrapassadas pelas concorrentes chinesas, beneficiando estas da “ajuda” de fabricantes europeus e norte-americanos que ali produzem.

Aproveitando o crescente número de fabricantes locais de veículos, todos eles a produzir maioritariamente modelos eléctricos alimentados por bateria, a China exportou entre Janeiro e Março deste ano 1,07 milhões de veículos, número que inclui modelos como o BMW iX3 e o Tesla Model 3, ali fabricados e enviados para os países europeus e asiáticos, com a marca norte-americana a ter sido responsável pela exportação de 271.000 veículos em 2022 (que somou aos 440.000 que comercializou na China).

O mais de um milhão de veículos exportados significou um incremento de 58% nas exportações, segundo a Associação de Construtores de Automóveis da China, o que permitiu a este país saltar para a liderança entre os exportadores. Em parte, o notável incremento do número de veículos transaccionados fica a dever-se à Rússia, que passou a adquirir aos chineses os modelos que deixou de poder comprar aos países que aderiram ao embargo internacional, após a invasão da Ucrânia. Isto fez com que a China triplicasse o número de veículos enviados para os russos, tendo atingido 140.000 no 1.º trimestre de 2023.

Mas se as exportações para a Rússia ajudaram a cimentar a liderança da China, o que verdadeiramente fez a diferença foi a forte aposta da indústria automóvel chinesa na concepção e venda de automóveis eléctricos, que representaram neste início de ano quase 40% das exportações. Isto permitiu que o número de modelos a bateria enviados para o exterior praticamente duplicasse no primeiro trimestre de 2023, atingindo 380.000 veículos.

Simultaneamente com a “aceleração” realizada pelos chineses na venda de automóveis eléctricos, os japoneses reagiram com uma não resposta, ao manter praticamente ao ralenti a produção de modelos a bateria, tecnologia em que apenas recentemente começaram a investir e ainda de forma tímida. Isto explica a quebra da procura por veículos japoneses nos mercados do sudoeste asiático, que até aqui dominaram confortavelmente.

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