Quando se pensa em John Isner, além daquela imagem do serviço canhão de quem beneficia da estatura que dava para o basquetebol, aquilo que vem de imediato à memória é o encontro mais longo da história do ténis em 2010, quando o norte-americano venceu por 70-68 no quinto set Nicolas Mahut em Wimbledon. Ao todo foram 138 jogos, 215 ases e 490 winners entre apenas três breaks num jogo que ficou também nos livros por ter sido realizado no dia em que a Rainha Isabel II voltara ao camarote real mais de três décadas depois. Agora, foram quase quatro horas (3h58) e não 11, mas nem por isso deixou de ser uma maratona histórica.

Depois da estreia a perder em Roland Garros no ano passado, com o russo Karen Khachanov a levar a melhor em apenas quatro sets, o português voltou apostado em dar prolongamento à época que pode ser a melhor a nível de resultados e conseguiu mesmo a primeira vitória de sempre no quadro principal do Grand Slam francês, vencendo Isner nas vantagens do tie break do último set, com os parciais de 6-4, 5-7, 7-6 (3), 4-6 e 7-6, com 11-9 na decisão. No final, Borges deixou-se apenas cair. A história estava feita.

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“Sinto que evoluí como jogador desde o ano passado, é sempre muito bom poder estar nestes torneios e competir nos maiores palcos do mundo do ténis. Gostei muito dos outros torneios do Grand Slam e não considero este o meu favorito mas traz-me grandes memórias porque foi onde me qualifiquei para o meu primeiro quadro principal e também foi o meu primeiro Major como profissional”, tinha referido à agência Lusa o tenista português, atual 76.º do ranking mundial, antes do encontro frente a Isner, 89.º da hierarquia. “Se ganhar a primeira ronda já é um objetivo alcançado. Vou encontro a encontro. Aqui é sempre desafiante, principalmente a cinco sets”, acrescentara. E essa primeira meta já foi conseguida este domingo.

Nuno Borges avança pela primeira vez para a segunda ronda de um Masters 1.000

O português vai agora defrontar o vencedor da partida entre dois especialistas de terra batida, o espanhol Bernabe Zapata Miralles e o argentino Diego Schwartzman. Na terceira ronda, quem passar pode cruzar com o quinto dos cabeças de série, Stefanos Tsitsipas, que vai agora jogar com Roberto Carballes Baena.

De recordar que Nuno Borges tinha conseguido no ano passado passar pela primeira vez uma ronda de um Grand Slam no US Open frente a Ben Sheldon, também após cinco sets, com os parciais de 7-6 (6), 3-6, 7-6 (5), 6-7 (8) e 6-3, caindo depois em cinco sets com o chinês Yibing Wu (7-6 (3), 6-7 (4), 6-4, 4-6 e 4-6). Antes de Nuno Borges, também Nuno Marques, Rui Machado e João Sousa (em cinco ocasiões) tinham passado na primeira ronda do Major gaulês, além de Michelle Larcher de Brito no quadro feminino.