O Tribunal Constitucional decidiu que a Federação do Partido Socialista de Coimbra vai eleger apenas o seu presidente, em data a decidir na terça-feira, revelou esta segunda-feira João Portugal, atual vice-presidente e único candidato à presidência.

“Nós aguardávamos com grande expectativa esta decisão. Fizemos sempre tudo com grande transparência, consultando os estatutos e, da nossa interpretação e com o apoio de muitos juristas, era-nos dito que tínhamos feito tudo de acordo com os estatutos, a lei, com o princípio da transparência e com a legitimidade de todos os militantes puderem ser candidatos ao órgão que ficou vago com a demissão do anterior presidente”, destacou João Portugal.

Em declarações à agência Lusa, o atual vice-presidente e único candidato à presidência da Federação do Partido Socialista de Coimbra informou que a Comissão Organizadora das Eleições vai reunir na terça-feira à tarde para marcar a data eleitoral, que deverá acontecer “muito em breve”.

“Contamos que as eleições ainda sejam realizadas em junho”, acrescentou.

As eleições para a distrital de Coimbra chegaram a estar agendadas para 25 de março, mas, no entanto, a Comissão Eleitoral de Coimbra do Partido Socialista (PS) optou pelo seu adiamento, “para uma data posterior adequada”, que estava dependente de decisão do Tribunal Constitucional.

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Ao Tribunal Constitucional tinha sido solicitado que se pronunciasse sobre um pedido de providência cautelar interposto pelo militante Victor Baptista para impugnar o ato eleitoral, que defendia “eleições para todos os órgãos” e não apenas para a presidência, que tinha ficado vaga após demissão de Nuno Moita.

De acordo com João Portugal, a decisão do Tribunal Constitucional, datada de 25 de maio, vem acabar com as “muitas insinuações e falsidades” criadas nas redes sociais e na comunicação social, “pela pessoa que interpôs o processo”.

“Isto é o culminar do que esperávamos. Fizemos sempre tudo de uma forma abrangente, consultando os órgãos, consultando os estatutos e, portanto, estamos tranquilos relativamente a esta matéria, pois julgo que todas aquelas insinuações que foram feitas a nosso respeito ficaram mais do que esclarecidas com este acórdão do Tribunal Constitucional”, apontou.

O antigo deputado na Assembleia da República realçou que a Distrital do PS de Coimbra continuou a trabalhar desde a demissão de Nuno Moita, apesar das constantes insinuações de que “o partido estava a ser gerido ilegitimamente”.

“Só tenho a lamentar que, independentemente do direito que cada um tem de recorrer para as instâncias judiciais, nestes dois meses [de 25 de março para cá], [Victor Baptista] tenha estado constantemente nas redes sociais e na comunicação social a atacar camaradas que assumiram os trabalhos do partido, agindo de boa-fé. Em boa hora o Tribunal Constitucional pronunciou-se e repôs a verdade”, sustentou.

À Lusa disse ainda que as eleições trarão a “estabilidade e tranquilidade desejadas” e que, independentemente do que se passou, a sua liderança conta “com todos”.

“Significa também que se o camarada Victor Batista quiser fazer parte da solução, bem como todos aqueles que o acompanharam nesta diligência que foi feita para o Tribunal Constitucional, são bem-vindos a trabalhar e temos a porta aberta para os militantes que queiram ajudar o partido”, afirmou.

Em janeiro, o presidente da Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova, Nuno Moita, que em novembro de 2022 tinha sido reeleito líder do partido no distrito de Coimbra, demitiu-se da liderança distrital do PS, justificando a decisão com o propósito de “proteger, defender e salvaguardar a imagem do partido”, após ser condenado a quatro anos de prisão, com a execução da pena suspensa, por participação económica em negócio quando desempenhava um anterior cargo público.

Depois desta demissão, a Comissão Política Federativa de Coimbra agendou eleições para o cargo de presidente, o que acabou por ser contestado junto da Comissão Federativa de Jurisdição, que indicou que fossem realizadas eleições para todos os órgãos.

A 9 de março, a Comissão Nacional de Jurisdição confirmou o calendário eleitoral para a eleição do presidente da Federação de Coimbra para o dia 25 de março, tendo, no entanto, o militante Victor Baptista interposto junto do Tribunal Constitucional um pedido de providência cautelar.

A providência cautelar acabaria impugnada pelo PS de Coimbra, chegando, cerca de dois meses depois, acórdão do Tribunal Constitucional, no qual é indicada a realização de eleições apenas para a presidência da Federação do PS de Coimbra.