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Dois oficiais de alta patente do exército russo foram condenados in absentia a pena de prisão e ordenados a pagar indemnizações pelos prejuízos causados pelo ataque a uma barragem na região de Kherson.

A sentença, decretada a 15 de maio por um tribunal na cidade ucraniana de Kryvy Rih, visou o major-general Mikhail Yasnikov, um comandante adjunto das frota russa no Mar Negro, e o comandante da 11.ª brigada de engenharia de Moscovo, o coronel Dmitry Markov. Ambos foram condenados a 12 anos de prisão e multados por violarem várias leis e princípios de guerra.

Yasnikov e Markov foram julgados sob acusação de terem tomado controlo da central hidroelétrica de Nova Kakhovka e de terem danificado o canal da zona norte da Crimeia. A barragem em questão foi construída pelos ucranianos em 2014, após a anexação da Crimeia pela Rússia, e tomada pelas forças do Kremlin em fevereiro de 2022, poucos dias depois do início da invasão.

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Subsequentemente, militares russos destruíram a estrutura em vários pontos, danificando-a parcialmente e levando a que a água contida na central fluísse para a Crimeia, afetando o fornecimento em Kherson e provocando graves prejuízos ambientais.

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De acordo com o Instituto para a Cobertura da Guerra e Paz (IWPR, na sigla original), o tribunal deu como provado que Yasnikov ordenou a captura da central hidroelétrica e que Markov coordenou as explosões que a danificaram.

Por tratar de informação sensível, foi decidido que o veredito seria lido à porta fechada. “A sua publicação é proibida, uma vez que o tribunal, a pedido do procurador, decidiu considerar os procedimentos criminais em sessões à porta fechada por forma a garantir a segurança dos envolvidos”, explicou ao IWPR Vitaly Nikitin, chefe de gabinete adjunto da Procuradoria Geral da cidade de Kherson. A mesma fonte confirmou ainda que o testemunho de prisioneiros de guerra russos foi essencial para alcançar os vereditos.

Nikitin destacou ainda o caráter inédito da sentença, que diz ser “a primeira contra oficiais militares russos por crimes de guerra cometidos na região de Kherson – não são apenas pessoal militar russo, mas sim representantes da liderança das Forças Armadas russas”.

Além da pena de prisão, foi ainda decretado o pagamento de uma soma, equivalente a cerca de 38 milhões de euros, em prejuízos ao Estado ucraniano pela perda registada na rede de abastecimento de água. Uma verba que, ainda assim, está muito longe dos cerca de 378 milhões em prejuízos causados pela ocupação russa, de acordo com dados da Agência Ambiental da Ucrânia.

Nikitin confirmou que continuam em curso investigações para identificar e trazer à justiça outros elementos do exército da Rússia envolvidos no mesmo crime. Os Serviços de Segurança ucranianos dizem ter informações de que Yasnikov e Markov estão os dois algures dentro do país.

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