“Petite Fleur”

José (Daniel Hendler), um “designer” argentino instalado em França com a mulher francesa e uma filha bebé, fica desempregado. Enquanto a mulher (Vimala Pons) arranja emprego num jornal, José fica em casa a tratar da filha, e um dia mata com uma pá o vizinho (um excelente Melvil Poupaud) solteiro, endinheirado e fanático de jazz a quem a foi pedir emprestada. Mas no dia seguinte, o vizinho está vivo e fala com ele como se nada tivesse acontecido. O realizador argentino Santiago Mitre faz um intervalo nos seus filmes políticos (“La Cordillera”, “Argentina, 1985”) para assinar “Petite Fleur”, uma bizarra mas divertida comédia conjugal absurda, e também muito negra, em que a célebre melodia de Sidney Bechet que lhe dá o título desempenha uma função fundamental.

“Aos Nossos Filhos”

Data de 2019 e só agora se estreia em Portugal este filme realizado no Brasil por Maria de Medeiros, também autora do argumento com Laura Castro, que escreveu a peça homónima e interpreta um dos principais papéis. “Aos Nossos Filhos” contempla uma história clássica de conflito de gerações, atualizada para os nossos tempos de ideologia LGBTQ e sobre-exposição das minorias sociais e dos seus problemas. Vera (Marieta Severo) combateu o regime militar e dirige uma ONG que cuida de crianças seropositivas numa favela do Rio de Janeiro e põe reticências à relação da filha, Tânia (Laura Castro) com Vanessa (Marta Nóbrega) e à vontade delas em terem um filho por inseminação artificial. É tudo muito explicado, evidente e sentencioso, e a origem teatral do filme está sempre muito clara.

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“Homem-Aranha: Através do Aranhaverso”

Continuação de “Homem-Aranha: No Universo Aranha” (2019), filme vencedor do Globo de Ouro e do Óscar de Melhor Longa-Metragem de Animação, que quebrou então a hegemonia da Disney/Pixar nesta categoria, e constituiu um “reboot” da personagem do Homem-Aranha no género animado. Miles Morales é catapultado através do Multiverso, onde conhece uma nova equipa de Pessoas-Aranha, conhecida como a Sociedade-Aranha, responsáveis pela sua proteção e liderada por Miguel O’Hara/Homem-Aranha 2099. Mas ao mesmo tempo que percorrem seis universos paralelos, Miles e os seus novos aliados entram em conflito sobre qual a melhor forma de enfrentar o vilão, The Spot, que se não for detido, poderá provocar uma catástrofe de tremendas proporções.

“Farta de Mim Mesma”

Sátira negra e “gory” do norueguês Kristoffer Borgli à obsessão com a fama instantânea e a notoriedade nas redes sociais. Signe é uma anónima empregada de café em Oslo com inveja do seu namorado, um artista egocêntrico, sem pinga de talento e ladrão de cadeiras e poltronas, com as quais faz as suas “obras”, que está a começar a singrar no meio. Apesar de não ter quaisquer qualidades reconhecíveis ou dotes excepcionais, Signe faz uma grande ideia de si mesma e até diz aos amigos que acha que devia ter um “podcast”. Um dia, começa a tomar em doses cavalares um medicamento russo que foi retirado do mercado por causar terríveis alergias e lesões cutâneas, podendo mesmo levar ao desfiguramento. “Farta de Mim Mesma” foi escolhido como filme da semana pelo ‘Observador’ e pode ler a crítica aqui.