Mais de 1,5 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar as suas casas desde o início dos confrontos no Sudão, em 15 de abril, segundo uma nova contagem da ONU divulgada esta segunda-feira.
Os números constam de um relatório elaborado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e pela Organização Internacional para as Migrações (OIM) que prevê que as deslocações continuarão a aumentar nas próximas semanas se não houver um acordo final entre os beligerantes: o exército regular sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).
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As duas agências da ONU registaram mais de 1,2 milhões de pessoas deslocadas internamente, enquanto cerca de 360.000 pessoas atravessaram as fronteiras para outros países.
As Nações Unidas alertaram para o facto de a situação continuar a ser particularmente complexa em zonas como a capital, Cartum, e na região de Darfur, com problemas até para a ajuda humanitária chegar a Cartum.
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O Programa Alimentar Mundial (PAM) entregou o seu primeiro lote de ajuda a Cartum no final de maio.
A crise está também a alastrar aos países vizinhos, onde continuam a chegar refugiados quase diariamente, bem como repatriados e cidadãos de países terceiros.
Considerando apenas o Egito, já entraram mais de 170.000 pessoas, enquanto no Chade o número já ultrapassa as 100.000 e no Sudão do Sul cerca de 87.000.
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Entretanto, de acordo com o ACNUR, cerca de 35.000 pessoas atravessaram a fronteira etíope e cerca de 14.000 chegaram à República Centro Africana.
O exército e as RSF acusaram-se mutuamente de violar alegados progressos no sentido de um cessar-fogo, resultando em tensões contínuas num país que tenta avançar para uma transição civil após o golpe de 2019 contra o então Presidente Omar Hassan al-Bashir e uma revolta subsequente em outubro de 2021.