O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, sugeriu esta quarta-feira aos seus homólogos ucraniano e russo a criação de uma comissão de inquérito internacional, após a destruição da barragem de Kakhovka, no sul da Ucrânia.

Numa conversa telefónica com o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, “o Presidente Erdogan declarou que poderia ser criada uma comissão com a participação de especialistas das partes beligerantes, das Nações Unidas e da comunidade internacional, Turquia incluída”, anunciou a Presidência turca em comunicado. Esta comissão teria por missão realizar uma “investigação aprofundada sobre a destruição da barragem de Kakhovka”, precisou Ancara.

Também Zelensky indicou ter esta quarta-feira conversado com Erdogan sobre “as consequências humanitárias e ambientais” das inundações causadas no sul do território ucraniano pela destruição da barragem. “Falámos das consequências humanitárias e ambientais do ato terrorista russo contra a central hidroelétrica de Kakhovka, incluindo dos riscos para a central nuclear de Zaporijia”, escreveu Zelensky na rede social Twitter, acrescentando “ter apresentado” ao homólogo turco “uma lista das necessidades urgentes para lidar com a catástrofe”.

Erdogan falou, em seguida, com o Presidente russo, Vladimir Putin, dizendo-lhe desejar que o inquérito internacional permita “dissipar quaisquer suspeitas”, indicou a Presidência turca num segundo comunicado.

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Moscovo e Kiev rejeitam a responsabilidade do ataque à barragem que fornece água à Crimeia, península ucraniana anexada pela Rússia em 2014, e se encontra na rota das tropas ucranianas para uma recuperação dos territórios ocupados.

A destruição da barragem desencadeou uma queda abrupta de torrentes de água no caudal do rio Dniepre, obrigando vários milhares de pessoas a abandonar as zonas inundadas e fazendo temer uma catástrofe ecológica.

A Turquia, Estado-membro da NATO, conseguiu desde o início da invasão da Ucrânia pelas tropas russas, há mais de 15 meses, manter boas relações tanto com Kiev como com Moscovo.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que esta quarta-feira entrou no seu 469.º dia, 8.983 civis mortos e 15.442 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.