Pouco mais se ficou a saber sobre a venda da Efacec que o Estado se prepara para fazer ao fundo alemão Mutares. António Costa Silva, ministro da Economia, foi ao Parlamento chamado de urgência pelo PSD para falar da operação anunciada a 7 de junho, numa conferência de imprensa na qual poucos pormenores do negócio foram dados.
E esta quarta-feira, 14 de junho, pouco mais se ficou a saber. Não há números. O que levou o PSD, pela voz de Paulo Rios de Oliveira, a dizer que ficou “poucochinho”. Mas Costa Silva puxou ao sentimento aos deputados da oposição.
“Os números finais estão dependentes de condições”, prometendo ir à Assembleia da República partilhá-los “quando tiverem apurados”, mas deixou um alerta: “Qualquer número que se revele pode contaminar” o negócio. Segundo explicou Costa Silva, há três condições precedentes do negócio: os pareceres da DGComp (da Comissão Europeia), das autoridades da concorrência e do tribunal de contas e dos credores. “Estas negociações são delicadas”, declarou e por isso pediu: “Tenham sentido de Estado. Não ponham em causa este negócio”.
E, por isso, os deputados ficaram, igualmente, sem saber quanto pode custar a Efacec aos cofres públicos, quanto vai ser injetado, qual o plano de reestruturação, se haverá perdão de dívida, a quantos anos ficará a Mutares no capital.
O secretário de Estado da Economia revelou, em entrevista à Antena 1 de Jornal de Negócios, que a recuperação da Efacec demorará de 3 a 5 anos.
Recuperação da Efacec pela Mutares deve levar três a cinco anos
Nas declarações de Costa Silva no Parlamento a Mutares garantirá o reforço da capacidade financeira da Efacec e minimiza os impactos para o Estado, estando a proposta baseada na recuperação escalonada desse investimento. A Mutares “tem experiência em recuperações e está disponível para partilhar valor”. E por isso volta à frase já antes proferida na conferência de imprensa: “Vamos recuperar grande parte do investimento, se não a totalidade pela capacidade que a empresa revela”.
No debate desta quarta-feira, defendido por Paulo Rios de Oliveira, o PS, pela voz de Carlos Pereira, diz que o debate chegou no tempo errado, pedindo calma porque o negócio não está fechado. E acusou o PSD de querer “transformar a oposição ao Governo numa oposição ao país. O país precisa de uma Efacec”, atirou. Já antes os dois deputados tinham trocado palavras com Carlos Pereira (que esteve inicialmente na comissão de inquérito à TAP, mas que acabou por sair depois de se descobrir que tinha estado numa reunião preparatória com Christine Ourmières-Widener antes de uma outra audição na comissão de Economia). O deputado socialista quis fazer um paralelismo com a TAP, cujo processo de privatização em 2015 o PS tem criticado dizendo ter sido opaco, pouco transparente, que está a ser investigado pelo Ministério Público e à 25.ª hora do Governo PSD/CDS. E isso mesmo perguntou Carlos Pereira a Paulo Rios de Oliveira se tinha acontecido com a Efacec. Perante a questão ouviu ainda perguntarem-lhe se tinha questões sobre a própria Efacec.
E ao tomar a palavra Paulo Rios de Oliveira criticou: “A presença do senhor ministro neste debate credibiliza o debate, a sua pergunta descredibiliza”.
No final do debate e depois de uma intervenção de Filipe Melo, do Chega, Costa Silva pediu: “Não recebo lições de coragem de ninguém. Não me venha dar lições de coragem, a minha vida fala por si” e ainda concluiu: “Não brinco aos casamentos”.