O Presidente da República ameaça vetar o diploma da recuperação do tempo de serviço dos professores, caso “não seja equilibrado”. À chegada a Londres — onde irá celebrar com Carlos III os 650 anos da aliança luso-britânica — Marcelo Rebelo de Sousa avisa o que fará quando lhe chegar o diploma do Governo: “Se for uma solução equilibrada, não tenho dificuldade em promulgá-la; se não for equilibrada, tenho de devolver.” Antes de tomar a decisão, garante, vai “ouvir os sindicatos”

O chefe de Estado reconhece que não pode “ser uma solução total, global, [uma vez que] há limitações financeiras e administrativa”, mas que a “grande maioria dos professores é muito sensata e percebe que o ótimo é inimigo do bom“. Marcelo avisa, no entanto, que o Governo tem de garantir, no mínimo, o bom.

Sobre a guerra entre Executivo e professores, Marcelo disse ainda esperar que o que “todos querem é que se chegue ao fim do ano letivo com uma solução de paz, para que o próximo ano letivo possa começar com uma forma que corresponda às expectativas de todos.”

Galamba? “Não comento comentadores”

Questionado sobre se o ministro João Galamba era o “ramo morto” de que falava no discurso do 10 de junho — provocado pelo ministro das Infraestruturas que disse que não comentava botânico — Marcelo já não disse que o ramo não se referia um caso específico (como disse no sábado en passant à sexta vez que foi questionado sobre o assunto). Disse apenas que o seu “princípio básico” é “não comentar, comentadores”. Quando os jornalistas insistiram que a frase era de Galamba e não de comentadores políticos, o chefe de Estado manteve a frase: “Não comento comentadores”.

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Nas mesmas declarações, o Presidente da República congratulou-se com o facto de a Top Atlântico ter confirmado à Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão da TAP que tinha sido a agência de viagens a pedir à companhia aérea para adiar um voo para facilitar a vida ao Presidente e que Belém estava isenta de responsabilidades. O ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, também não contraditou a versão, antes a confirmou.

“Há meses quando o assunto foi levantado, disse duas coisas: a primeira, é que não tínhamos pedido nenhuma alteração, nem eu nem ninguém da Presidência; a segunda, que também não tinha havido instruções oficiais do Estado, do Governo, nesse domínio e que havia de facto uma comunicação da agência de viagens a dizer que tomava essa iniciativa de acordo com uma prática anterior e do que entendia que era adequado, aparentemente é isso que foi confirmado hoje”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente da República disse ainda, a este propósito, que “o escrutínio é muito importante na política” e que “o Presidente da República não está acima do escrutínio”.  Marcelo diz que “o Presidente responde apenas perante o povo”, mas se o “povo quer saber, (…) o povo tem direto a saber”.