Enquanto os cidadãos britânicos – e de muitos outros países – estavam sujeitos a duras medidas de confinamento pandémico e redução de contactos pessoais, na sede do partido conservador o Natal foi celebrado com dança, comida e bebida. Um vídeo que chegou agora à imprensa britânica (exclusivo do Mirror) mostra como os funcionários do “quartel-general” do partido festejaram a quadra natalícia, a mais recente polémica do caso conhecido como “Partygate”, que já levou Boris Johnson a renunciar ao seu lugar de deputado no parlamento britânico.
Os membros dos conservadores foram filmados numa festa de Natal, a dançar e a beber, vestidos com camisolas alusivas à época natalícia, sem qualquer distanciamento físico, tal como ditavam as regras na altura. Naquele momento, o uso da máscara era obrigatório e os cidadãos não estavam autorizados a fazer ajuntamentos nem saídas de casa sem justificação.
O vídeo e as fotografias foram divulgados pelo Mirror e, de acordo com a publicação, estavam na festa, pelo menos, 24 pessoas — só no vídeo contam-se nove.
EXCLUSIVE: First ever Partygate video revealed as Tories drink, dance and laugh at Covid rulespic.twitter.com/vIHbuIqWWf
— The Mirror (@DailyMirror) June 17, 2023
Nas imagens surgem, pelo menos, dois nomes conhecidos do partido conservador. O primeiro é Shaun Bailey, autarca de Londres e que é descrito como o organizador da festa, e o segundo é Ben Mallet, o diretor da campanha dos conservadores durante as eleições em Londres, em 2021.
Depois da divulgação do vídeo, um porta-voz do partido conservador disse que teve conhecimento de um “encontro social não autorizado” a 14 de dezembro de 2020 e que o partido avançou com uma “ação disciplinar contra quatro funcionários” que estavam presentes naquela festa.
Boris Johnson não esteve presente nesta festa, mas é conhecido que o antigo primeiro-ministro britânico esteve em vários encontros durante a pandemia. Aliás, esta semana, foi divulgado o relatório do Comité dos Privilégios Parlamentares e as conclusões deste documento levaram à demissão de Boris Johnson do cargo de deputado parlamentar. O grupo de investigação tem analisado as revelações do “Partygate” e concluiu que Johnson enganou “deliberadamente” o Parlamento britânico.
“Chegámos à conclusão de que algumas das negações e explicações do Sr. Johnson foram tão desonestas que foram, por natureza, tentativas deliberadas para enganar o Comité e a Câmara [dos Comuns]”, lê-se no documento de mais de 100 páginas.
Boris Johnson enganou “deliberadamente” o Parlamento britânico, conclui relatório do “Partygate”