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Anatoly Berezikov, um ativista anti-guerra, morreu numa prisão russa na cidade de Rostov-on-Don na passada quarta-feira, depois de ter sido preso por suspeita de traição. A polícia diz que se suicidou, mas tanto a sua advogada como um grupo de direitos humanos afirmam que morreu, aos 40 anos, depois de ser torturado com uma arma de atordoar. Esta será a primeira morte de um ativista político sob custódia da polícia russa.

A advogada do detido, Irina Gak, afirmou que Berezikov teria ferimentos de arma de atordoamento no corpo na véspera da sua morte – e baseia-se num vídeo publicado nas redes sociais que terá sido filmado à porta do centro de detenção onde estava o seu cliente, relata a Reuters. A First Department, uma ONG de direitos humanos para a qual o ativista trabalhou, garante que a morte aconteceu na véspera do dia em que Berezikov seria libertado. O homem, apresentado como apoiante de Alexei Navalny, terá sido levado para uma floresta e ferido com a referida arma, avança o Telegraph.

Ainda de acordo com o relato da advogada, o ativista foi detido por espalhar panfletos pela cidade a publicitar um projeto do governo ucraniano chamado “I want to live” (“Eu quero viver”) que ajuda soldados russos a renderem-se voluntariamente. Já o Telegraph escreve que terá sido preso por suspeita de traição por ter colocado cartazes que pediam para o exército russo deixar a Ucrânia.

Desde o início da guerra na Ucrânia, a Rússia tem reprimido os opositores e prendido manifestantes. Segundo a OVD-Info, um grupo de direitos humanos, terão já sido detidas 20 mil pessoas por protestos contra a guerra da Rússia na Ucrânia desde a invasão, a 24 de fevereiro de 2022, assim como foram movidos processos criminais contra mais de 580 pessoas.

Ao Telegraph, a advogada Alexandra Baeva, radicada em Moscovo, declarou que “esta é a primeira morte de um ativista político sob custódia da polícia”, situação que definiu como pouco usual mesmo que as mortes às mãos da força de autoridade russo se tenham tornado relativamente comuns. Baeva sublinhou ainda que se tornou procedimento comum na polícia russa registar como suicídio as mortes que ocorrem durante sessões de tortura.

O advogado Yevgeny Smirnov, da First Department, defende que o tratamento dado a Berezikov se encaixa num padrão, segundo o qual as pessoas acusadas de traição são levadas para uma cave ou para uma floresta onde são sujeitos a choques elétricos, “por vezes nos órgãos genitais” e também a uma simulação de execução. “Os sortudos são apenas espancados”, acrescenta o advogado, citado no jornal britânico.

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