A Renault acaba de apresentar o seu novo topo de gama, o SUV coupé Rafale, nome de vento que, conforme já aqui explicámos, remete para a ligação da marca à aeronáutica. E a Renault quer voar alto com este novo modelo, pois o Rafale destina-se ao segmento D e, como tal, a marca francesa tratou de dotar o seu novo topo de gama com o que de melhor tem para dar. E isso significa que, quando abrirem as encomendas – o que deverá acontecer em Janeiro, pois as primeiras entregas estão previstas para Maio de 2024 –, os potenciais clientes devem estar preparados para desembolsar um valor superior ao que é cobrado pelo novo Espace, modelo com o qual este Rafale, tal como o Austral, partilha a plataforma CMF-CD da Aliança. Ao que o Observador apurou, os preços para o mercado português ainda não estão definidos, mas garantidamente vão ficar acima dos 45.000€, sendo mesmo provável que arranquem nos 50.000€.

Como é por fora?

Saído da fábrica da Renault em Palencia, Espanha, onde também são produzidos os “manos” Austral e Espace, o novo SUV coupé da Renault exibe a nova linguagem estilística da marca, seguindo as pisadas do novo Clio. É certo que a linha descendente do tejadilho é o que mais o marca de perfil, mas nem a frente nem a traseira deixam de ser impactantes, alinhando visualmente pelas generosas dimensões do Rafale. Com 4,71 metros de comprimento, 1,86 m de largura e 1,61 m de altura, este Renault deixa antever uma excelente habitabilidade, até porque possui exactamente a mesma distância entre eixos do Espace (2,74 m). Já a bagageira, com 530 litros de capacidade, fica cerca de 50 litros abaixo do mínimo oferecido pelo Espace com duas filas de bancos.

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De linhas rebuscadas e figura imponente, cortesia de vias 4 cm mais largas que o Espace e jantes de 20 polegadas, o Rafale impõe-se sobretudo pela secção dianteira, onde sobressai a grelha tridimensional que foi desenhada utilizando a inteligência artificial (IA). O recurso a esta é, aliás, uma das tónicas dominantes no novo topo de gama francês. A isso há que associar o novo padrão da assinatura luminosa, em forma de diamante, tal como estreado no Clio. Atrás, para enfatizar a largura do modelo, os designers optaram por maximizar o afastamento das ópticas, com as luzes a inspirarem-se nos tangrans chineses.

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Como topo de gama que é, o Rafale tem direito a estrear duas cores para a carroçaria, o “Azul Alpine” e “Branco Pérola Acetinado” que pode ver nas fotogalerias, mas há mais três tons à disposição do freguês (vermelho, preto e cinzento).

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Como é por dentro?

Novidade ainda é o tejadilho em vidro com transparência/opacidade ajustável, com a Renault a introduzir a tecnologia de cristais líquidos dispersos em polímero, algo que até agora era apenas oferecido pelos chamados construtores premium. Com 1470 mm por 1117 mm, este tecto é “inteligente”, porque aceita comandos de voz através do Google Assistant, e adaptável, na medida em que varia entre completamente claro, totalmente escuro, claro à frente e escuro atrás e vice-versa.

No habitáculo encontra-se ainda um volante ligeiramente distinto do do Austral, que a Renault usa para reafirmar a sua intenção de abandonar por completo o uso de couro até 2024. A marca do losango alinha assim pela tendência da moda, assegurando que o facto de recorrer a um revestimento que em parte é reciclado (34%) se traduz por uma sensação táctil “melhor que a pele”. Os bancos são desportivos, oferecendo maior apoio lateral, e revestidos a Alcantara reciclada (61%) que, na linha de equipamento mais enriquecida, a Esprit Alpine, exibem triplo pesponto nas cores da bandeira francesa e, no topo do encosto, inscreve-se um “A” em seta que se ilumina consoante a cor definida no Multi-Sense.

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Nos bancos posteriores, a marca garante que há espaço de sobra para as pernas e para a cabeça, mesmo apesar da inclinação do pilar C. A separar os ocupantes dos bancos traseiros está um apoio de braços todo “kitado” para viagens conectadas: possui duas tomadas USB, espaço para tablets ou smartphones e dois suportes de ecrã rebatíveis.

Como é habitual nas últimas criações da Renault, à frente juntam-se dois ecrãs descrevendo como que um “L”, um TFT de 12,3 polegadas no lugar de painel de instrumentos e um central, táctil e disposto na vertical, que estreia novas interfaces, continuando a ter como melhor trunfo o facto de se apoiar no sistema da Google, sinónimo de uma navegação mais precisa e de uma utilização mais intuitiva, como se o sistema multimédia OpenR Link mais não fosse que uma extensão do smartphone, servindo de porta de entrada para explorar um conjunto de aplicações. Do Google Maps ao Assistant, são mais de 50 e podem ser directamente descarregadas, sem complicações. Também para descomplicar, o sistema multimédia recorre ao Android Automotive 12 (em vez de 10), o que facilita a navegação e o emparelhamento via Bluetooth. Actualizável remotamente, o OpenR Link também deita mão à IA para fazer sugestões sensatas, como fechar a janela se o ar condicionado estiver ligado… “O novo Renault Rafale dispõe de várias capacidades baseadas em IA, todas elas pensadas para ajudar o condutor e os passageiros”, diz a marca, esclarecendo que as recomendações “proactivas” se baseiam nos padrões rotineiros que a IA vai captando.

200 cv e uma média de 4,7l/100 km

Sob o capot, o Rafale não traz de imediato qualquer novidade, estando equipado com o mesmo sistema híbrido que já conhecemos do Austral e do Espace. Significa isto que monta um tricilíndrico turbo a gasolina com 1,2 litros de cilindrada, a funcionar sob o ciclo Miller, anunciando um rácio de eficiência energética de 41%. O motor térmico é combinado com dois motores eléctricos, um a actuar como gerador de arranque e a accionar as “mudanças” na caixa sem embraiagem, o outro (25 kW/50 Nm) actua como motor principal e fornece 50 kW/70 cv e 205 Nm, sendo alimentado por uma bateria de 2 kWh de capacidade. Esta recarrega sempre que se trava ou desacelera, processo que é gerido automaticamente e imperceptível para quem vai ao volante. Não obstante, o apoio eléctrico é determinante num veículo que pesa 1653 kg e que, se contasse apenas com o 1.2 a gasolina jamais poderia anunciar um consumo médio de 4,7 l/100 km e 105 g de CO2/km – valores a aguardar a homologação. Isto permite à Renault reivindicar um consumo 40% inferior ao de um motor exclusivamente a combustão equivalente e salda-se num modo de condução eminentemente eléctrico em cidade (até 80% do tempo).

De resto, tal com o Austral e o Espace, também o Rafale pode tirar partido de um sistema de quatro rodas direccionais. Sucede que o novo SUV coupé se destaca por incluir uma electrónica melhorada para controlar as rodas traseiras, conseguindo detectar antecipadamente as perdas de aderência e agir em conformidade, para máxima eficácia. Com o 4Control Advanced, as rodas de trás viram até 1 grau na mesma direcção que as rodas da frente, ao descrever uma curva até 50 km/h, e a velocidades inferiores conseguem girar até 5 graus na direcção oposta, o que facilita (e muito) a manobrabilidade e coloca o raio de viragem no mesmo patamar de um Clio (10,4 m), por exemplo.

Lá mais para a frente, eventualmente em meados de 2024, a Renault vai introduzir uma versão 4×4 do Rafale com 300 cv, com o acréscimo de potência a decorrer de montar um motor eléctrico a accionar directamente o eixo traseiro, conferindo-lhe assim tracção integral. Esta versão será híbrida plug-in, pelo que a bateria e o peso vão necessariamente aumentar, oferecendo em contrapartida mais quilómetros em modo zero emissões.