O projeto Moving Lusitalia, implementado no bairro Italie, na cidade de Dudelange, no Luxemburgo, pretende mostrar a história das emigrações italiana e portuguesa, olhando também para os novos fluxos migratórios, disseram as responsáveis aos jornalistas, em Bruxelas.

“O nosso projeto pretende dar a voz, pretende contar a história desse sítio, que no fundo é um reflexo da história do Luxemburgo e da história europeia, ligada à siderurgia e às migrações”, disse aos jornalistas Heidi Martins, que juntamente com Chiara Ligi coordenam o projeto criado durante a Capital Europeia da Cultura Esch-sur-Alzette 2022.

A responsável falava aos jornalistas no âmbito da nomeação do Moving Lusitalia para os prémios Novo Bauhaus Europeu, cuja cerimónia de atribuição decorreu na quinta-feira, dentro do tema “Reconquistar um sentimento de pertença”, na categoria “Campeões”, que foi ganha pelo museu das caves de Sacromonte, em Granada (Espanha).

“Quisemos mostrar como é que as diferentes populações construíram esse sítio. Primeiro os italianos, depois os portugueses e outros”, explicou Heidi Martins, numa história “multivocal” que pretende “conectar as histórias das pessoas com os sítios” e alimentar “um sentimento de pertença e de identidade, e isso é fundamental para uma coesão social”.

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Em causa está um projeto que se divide entre o mundo físico e o digital, já que no bairro Italie há um circuito de visita e, através de um smartphone, se pode consultar a história dos diversos locais do percurso, podendo “ver fotografias, ouvir a voz das pessoas, as histórias, através do tempo e do espaço”, envolvendo também trabalho sonoro tridimensional, segundo Chiara Ligi.

Além da implementação no local, a documentação está também disponível no site www.movinglusitalia.org.

“É um projeto em que fomos fazer entrevistas à Itália e, com os portugueses que regressaram [a Portugal], fui à Figueira da Foz, entrevistei várias famílias que regressaram assim que chegaram à reforma“, disse Heidi Martins aos jornalistas sobre o projeto do Centro de Documentação para as Migrações Humanas de Dudelange e do estúdio Tokonoma, de Milão (Itália).

Segundo a responsável portuguesa, estão retratadas “são histórias de vida muito ligadas ao trabalho, que é uma história da siderurgia e do trabalho mineiro, é uma história que se fazia no masculino”, mas há também “um aspeto muito ligado à emigração feminina”, que teve uma presença “muito importante e ajudou a construir aquele quartier [bairro], o Luxemburgo e a Europa”.

“Esse sítio específico, o quartier Italie, foi dos italianos, dos portugueses, e agora é das novas migrações”, sobretudo vindas de África e da Ásia, disse ainda a responsável.