A derrota contra a equipa mais acessível do grupo A do Campeonato da Europa Sub-21 deixou a seleção portuguesa numa situação problemática para se apurar para os quartos de final. Contra os Países Baixos, na segunda jornada, Portugal enfrentava a possibilidade de, em caso de derrota, ficar imediatamente fora da competição. Apesar de ser difícil comparar a qualidade individual dos jogadores portugueses em relação a gerações anteriores, a experiência ao mais alto nível de alguns fazia acreditar que era possível dar a volta à situação muito embora os Países Baixos fossem uma seleção digna de (muito) respeito. No primeiro jogo, os neerlandeses empataram a zero contra a Bélgica, procurando ainda, tal como Portugal, a primeira vitória na competição.

“Esta é a melhor seleção contra a qual vamos jogar. É uma equipa que se assemelha muito à nossa em termos da qualidade com bola. A velocidade dos seus jogadores é muito grande, têm bons princípios de jogo, vão-nos colocar dificuldades que, normalmente, não temos. Em termos defensivos, vão-nos pôr muito mais à prova, serão muito mais perigosos. Contudo, também temos as nossas armas, também somos uma boa equipa e vamos tentar ser melhores do que eles”, explicou o selecionador nacional Rui Jorge que não contou com Tomás Araújo que foi expulso na estreia na prova.

“Volto a dizer e sei que parece estranho, mas, após analisar o encontro, reparei que fizemos bastantes coisas boas. Não fomos incisivos como normalmente conseguimos ser. Foi uma dificuldade que a Geórgia nos criou, para a qual estávamos à espera. Com uma defesa baixa”, disse o técnico em relação à derrota por 2-0 contra a Geórgia.

As regras de Tomás Araújo passaram a leis – de Murphy (a crónica do Geórgia-Portugal)

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Francisco Conceição, jogador do Ajax que entrou na segunda parte contra os georgianos, ia ter pela frente alguns companheiros de clube, no caso, Devyne Rensch, Kenneth Taylor e Brian Brobbey. “Conheço-os, porque jogam comigo no clube e sei que têm qualidade, mas acho que os Países Baixos valem pelo seu coletivo e todos os jogadores vão querer dar o seu melhor. Temos de estar à altura do desafio e mostrar que somos capazes de vencer”.

Também o lateral Nuno Tavares expressou confiança. “Se não formos nós a acreditar em nós ninguém acreditará. Sabemos da nossa qualidade, sabemos que vai ser difícil, mas temos potencial e um grupo fantástico para podermos ganhar os próximos dois jogos”.

Para o lugar de Tomás Araújo entrou André Amaro. Rui Jorge fez ainda mais duas alterações. Na frente, Fábio Silva substituiu Vitinha e, no meio-campo, Samuel Costa veio acrescentar mais músculo em comparação com Afonso Sousa. Os Países Baixos não fizeram qualquer alteração face à primeira partida.

Se se pensava que a experiência internacional de alguns jogadores portugueses podia fazer a diferença então essa teoria ficou comprovada pela maneira como foi um atleta do Wolverhampton e outro do Valência que construiram o golo de Portugal. Pedro Neto foi fundamental no início do jogo para sacudir o domínio neerlandês através da disponibilidade que mostrou para romper a linha defensiva adversária com ataques à profundidade. As corridas desenfreadas ganharam significado quando André Almeida (20′) acompanhou o movimento do avançado e encostou o cruzamento que este lhe disponibilizou.

Até aí, Portugal estava a ser asfixiado. O guarda-redes Celton Biai teve que fazer uma defesa empenhada ao remate de Brobbey no momento de maior perigo que o cerco que os Países Baixos montaram conseguiu produzir. Não é como se a seleção nacional não estivesse avisada, uma vez que os neerlandeses, contra a Bélgica, criaram uma série de ocasiões de golo e até chegaram a acertar no poste no minutos iniciais da partida. Desse ponto de vista, a equipa das quinas até estava a fazer um bom trabalho.

Os Países Baixos continuavam a ser amplamente superiores. O losango do 4x4x2 de Portugal não tinha forma de encontrar a forma ideal de defender e, em particular nos homens do meio-campo, as lacunas eram evidentes. Kenneth Taylor lateralizava muito a posição, obrigando João Neves a decidir se fechava ao meio ou se descaía no corredor.

Brobbey, como homem mais avançado dos neerlandeses, mostrava eficiência nos apoios frontais e, não conseguindo os centrais portugueses ganhar as primeiras bolas, Tiago Dantas era incapaz de oferecer coberturas. QuintenTimber e RyanGravenberch demonstravam um critério assinalável nos passes verticais ao passo que a velocidade de Summerville também contribuía para a vertigem da Laranja Mecânica.

O decorrer do jogo deixava Rui Jorge a pensar de Fábio Silva foi a melhor opção para fazer companhia a Pedro Neto no ataque. O atacante que terminou a época no PSV Eindhoven, impossibilitado de ter a bola no pé, passou grande parte do jogo a ver os lances passarem-lhe por cima. Para essa missão de combatividade, talvez Vitinha fosse um jogador mais adequado. Fábio Silva acabou mesmo por sair, mas para dar lugar a Diego Moreira. Ao mesmo tempo, entraram ainda Paulo Bernardo e Francisco Conceição.

Por outro lado, ao intervalo, Burger foi lançado pelo selecionador neerlandês Erwin van de Looi, alterando as características do meio-campo e acrescentando centímetros que foram úteis no canto que deu o golo do empate. O jogador do Basileia ganhou no ar e, com a cabeça, assistiu Brobbey (78′). Portugal acabava por sofrer o segundo golo de canto no Europeu.

Francisco Conceição, com uma diagonal em que conduziu a bola com o pé esquerdo, ainda tentou desfazer o empate, mas Portugal só conseguiu mesmo um ponto. Na última jornada, a seleção defronta a Bélgica (2 pontos) que empatou a dois contra a Geórgia (4 pontos). A equipa das quinas está obrigada a vencer para pensar em seguir em frente.