O Governo português já se pronunciou sobre os acontecimentos do fim de semana, com a rebelião do grupo Wagner, na Rússia, considerando que isto veio expor uma “fragmentação” do poder de Vladimir Putin. Do lado de Portugal, a promessa é a mesma: continuar a apoiar, política e militarmente, a Ucrânia — agora com a previsão de 70 milhões de euros até 2027.
A partir de Luxemburgo nesta segunda-feira, num encontro com homólogos europeus, o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, disse que a rebelião torna “evidente que não há coesão, que a situação [na Rússia] é de alguma fragmentação do poder. É o mínimo que se pode dizer”.
Frisando que ainda não há “clareza” sobre o que aconteceu na Rússia, Gomes Cravinho sublinhou que “o essencial” é manter o “forte apoio militar e político para que no fim seja a Ucrânia a determinar os termos da paz e não o agressor”.
E a Europa vai fazê-lo em duas frentes: por um lado, a nível político, com o 11º pacote de sanções à Rússia; por outro, a nível militar, com o aumento anunciado esta segunda-feira do mecanismo de Apoio à Paz em 3,5 mil milhões de euros. A Portugal caberá pagar 1,5% do total, explicou Gomes Cravinho aos jornalistas.
Pelas contas do ministro, isto significa que Portugal contribuirá com “qualquer coisa como 70 milhões de euros até 2027”, “se a totalidade for gasta.
Questionado sobre se Fernando Medina vê a novidade com bons olhos, responde que “não há nenhum ministro das Finanças que fique alegre” com a notícia. “Mas creio que todos percebem que é necessário, atendendo às circunstâncias excecionais que vivemos”.
Antes da reunião, Gomes Cravinho já tinha considerado, recorrendo ao conhecido ditado, que Putin andou a “semear ventos” e agora está a “colher tempestades”: “Tem estado a semear ventos ao promover um exército privado, mercenário, que se revelou capaz de desafiar as próprias forças armadas russas”.
O governante português lembrou no entanto que estes desenvolvimentos vêm trazer “preocupação” com o possível reforço do grupo Wagner no continente africano. “Não sabemos se vai investir ainda mais em África, mas é qualquer sítio onde esteja é fonte de preocupação”, frisou.