O presidente do Conselho Económico e Social (CES), Francisco Assis, disse esta quinta-feira, na Praia, que o Banco Central Europeu (BCE) deve ser “plenamente respeitado” e considerou que Portugal deve adaptar-se aos possíveis aumentos das taxas de juro.
Questionado na cidade da Praia pela Lusa sobre as recentes declarações da presidente do BCE, Christine Lagarde, antevendo novas subidas das taxas de juro, Francisco Assis lembrou que se trata de uma “entidade independente” e que deve ser “plenamente respeitada”.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recomendou ao BCE que tenha “grande ponderação” no discurso sobre as taxas de juro, para evitar “preocupações, perturbações” na vida dos europeus.
“Muitas vezes os políticos fazem declarações que correspondem mais a preocupações de popularidade momentânea de que contribuir para resolver problemas reais. Eu não entro nisso”, respondeu o presidente do CES, que está na capital de Cabo Verde para visitar várias instituições e foi o orador principal num debate social promovido pelo Governo sobre a economia, o crescimento e o emprego.
“O BCE é uma entidade independente, deve agir com o máximo de independência e nós temos que procurar adaptar-nos a essas situações e é o que está a acontecer em Portugal, o Governo português tem atuado no sentido de acudir a situações graves que eventualmente possam decorrer de uma situação dessa natureza de taxa de juros mais elevadas”, prosseguiu.
O presidente do CES recordou que Portugal vinha de um período de taxas de juro historicamente muito baixas, e entendeu que “era evidente que isso não se podia manter”.
“O BCE entende que, apesar de a inflação estar a ser reduzida, ainda exige a manutenção de uma política monetária com estas características, haverá, com certeza, uma evolução nos próximos tempos”, perspetivou.
Considerando que se deve estar “otimista”, Francisco Assis disse que quando os juros aumentam a função dos Governos é fundamentalmente de apoiar aqueles que eventualmente poderão ser vítimas diretas.
“Porque não têm capacidade, não têm elasticidade orçamental para fazer face ao aumento dos encargos resultantes do aumento das taxas de juros, é isso que o Governo português tem feito”, completou, considerando que, no caso da inflação, quando aumenta há sempre contestação social, mas que em Portugal “está longe” de atingir valores “preocupantes”.
“Há contestação social, há greves, há manifestações, isso é normal, períodos desta natureza são períodos em que é sempre mais frequente haver esse tido de situações, mas tem sido tudo dentro da normalidade democrática absoluta, não há nenhuma razão para estar especialmente preocupado com isso”, terminou o presidente do CES.