A forma como todos os elementos do Botafogo festejaram a vitória no Allianz Parque frente ao Palmeiras, em mais um jogo em que Tiquinho Soares voltou a ser decisivo antes de Raphael Veiga falhar um penálti já nos minutos finais, mostrava bem o momento que o clube do Rio de Janeiro atravessa. Em campo, os jogadores abraçavam-se como se de uma final se tratasse e Luís Castro fechava o punho e cerrava os dentes antes de cumprimentar todos os atletas; fora dele, os muitos adeptos que se deslocaram a São Paulo, e que tinham enfrentado alguns problemas com a polícia militar na antecâmara do jogo, continuavam a cantar nas bancadas como se não houvesse amanhã. Mesmo com apenas um terço do Campeonato, mesmo com um histórico que não é o mais preenchido, o Glorioso sonhava com o título como há muito não se via.

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Olhando para o percurso com o português no comando e até na presente temporada, seria complicado pensar num arranque tão bom de Campeonato. Na última época, marcada por uma espécie de reestruturação de todo o futebol, Luís Castro chegou mesmo a ser contestado pelos adeptos quando o Botafogo estava perto dos lugares de descida mas a subida na segunda metade da prova permitiu até sonhar com uma entrada na Taça dos Libertadores que acabou por não concretizar-se entre o décimo lugar no final. Já em 2023, o afastamento precoce no Campeonato Carioca e o jogo sofrível que por pouco não deu eliminação da Taça com o Sergipe voltou a trazer dúvidas que não se confirmaram, como se viu até na forma como o conjunto do Rio de Janeiro soube lidar com uma partida frente ao campeão brasileiro passando a ter sete pontos de avanço.

“A minha situação contratual é aquela que existe desde o primeiro dia que entrei no Botafogo, quando vocês [jornalistas] pediram para eu sair. Tinha esse contrato com o Botafogo de dois anos mas há uma cláusula no contrato em que diz que, para eu sair, outro clube tem de pagar a cláusula; para me mandarem embora, têm de pagar-me o que falta até ao final do ano. É isso. O que quero dizer é que hoje ganhámos ao Palmeiras, ganhámos bem e fomos justos vencedores”, comentou depois desse triunfo.

Luís Castro confirma que vai orientar o Botafogo

Já nessa fase, o técnico português tinha em mãos uma proposta do Al Nassr, com os órgãos de comunicação brasileiros a avançarem mesmo com uma chamada de Cristiano Ronaldo para tentar convencer Luís Castro. Após a vitória frente ao Palmeiras, uma reunião entre o treinador e John Textor, proprietário do Botafogo, acabou por terminar sem qualquer decisão. Por um lado, os brasileiros não queriam por nada deixar o português sair; por outro, sabiam que a partir do momento em que os sauditas pagassem a cláusula de rescisão de dois milhões de euros, toda a equipa técnica poderia sair se assim o entendesse. Ou seja, com o problema a ser o menor dos problemas, a decisão pertencia a Luís Castro, quiçá uma das mais complicadas da carreira entre a possibilidade de quebrar um jejum de 28 anos do Botafogo ou treinar Ronaldo num novo projeto do futebol que está a apostar cada vez mais forte para abrir uma nova era no país.

Entre as duas hipóteses, o treinador acabou por ser convencido pelo projeto do Al Nassr, que lhe permite não só ser o timoneiro do conjunto principal mas também o responsável por todo o futebol do clube. Mais do que a questão financeira, que teve o seu peso perante as diferenças de realidade dos países, a margem para fazer crescer uma ideia a todos os níveis acabou por vingar. Assim, e ainda antes do encontro frente ao Magallanes a contar para a Taça Sul-Americana, já era anunciada uma saída que deveria ser oficializada após o jogo. Além do salário líquido acima dos 5,5 milhões de euros, Luís Castro terá outras regalias como por exemplo, segundo o Globoesporte, ficar com a casa onde irá viver caso cumpra todo o contrato até 2025.

Em paralelo, o nome mais falado para render o português é… o de outro português: Bruno Lage, que não teve qualquer projeto desde que saiu do Wolverhampton, surge apontado como favorito entre as opções que estão a ser ponderadas por John Textor (que conhece bem o percurso do técnico pela ligação que teve também ao Benfica e que acabou por ser quebrada após a saída de Luís Filipe Vieira). Rogério Ceni é o treinador brasileiro mais cotado caso a opção não acabe por recair num técnico estrangeiro.