A ONG Global Witness acusou este domingo as empresas Total Energies, de França, e a britânica Shell de comercializarem gás russo, afirmando que esta última teria ganho, assim, “centenas de milhões” de dólares desde a invasão da Ucrânia pela Rússia.

“As exportações de GNL [gás natural liquefeito] da Rússia ajudam a financiar a guerra daquele país na Ucrânia e, em 2022, são estimadas em 21 mil de milhões de dólares [cerca de 19,2 mil milhões de euros]”, escreveu a Global Witness num relatório.

A Global Witness “estima que a Shell faturou centenas de milhões com a comercialização de GNL russo no ano passado”.

Ainda em maio, a gigante britânica “comprou e vendeu cerca de 170 mil metros cúbicos de gás russo transportados pelo petroleiro Nikolay Zubov”, lamenta a ONG.

Segundo a Global Witness, três empresas comercializaram mais GNL russo do que a Shell: duas delas são russas, mas a terceira é a francesa TotalEnergies.

“Apesar dos crimes de guerra para que este comércio contribui, ao financiá-lo, é legal”, lamenta a Global Witness.

“As empresas não estão proibidas de comercializar gás russo e, ao contrário dos EUA, nem a UE [União Europeia] nem o Reino Unido proibiram as importações de gás russo”, continua. Mas “o Reino Unido e os estados membros da UE devem agir”, defendeu.

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Questionadas pela AFP, a Shell e a Total Energies disseram que estavam vinculadas por contratos em andamento, embora se tenham retirado das parcerias russas após a invasão da Ucrânia, no ano passado.

A Shell “ainda tem compromissos contratuais de longo prazo”, disse um porta-voz da empresa.

“Existe um dilema entre pressionar o governo russo pelas suas atrocidades na Ucrânia e garantir um fornecimento de energia estável e seguro. Cabe aos governos decidir os compromissos incrivelmente difíceis que precisam ser feitos”, afirmou esta empresa, citada pela AFP.

Por seu lado, a TotalEnergies diz que “empreendeu a suspensão gradual dos ativos russos, garantindo o fornecimento contínuo de GNL para a Europa”.

A Total Energies “relembra assim o seu dever de contribuir para a segurança do abastecimento energético de gás da Europa, no quadro de contratos de longo prazo que deverá honrar, enquanto os governos europeus não aplicarem sanções contra o gás russo”.

A empresa francesa salienta ainda que “já vendeu os seus ativos na Rússia, que não contribuíam para o abastecimento energético do continente”.