O BE acusou esta segunda-feira o ministro da Cultura de ter feito “comentários insultuosos” ao parlamento, considerando que o Governo “tem medo das conclusões” da comissão de inquérito à TAP e por isso “tentou desviar as atenções deste debate”.

Na conferência de imprensa para apresentação das propostas de alteração ao relatório preliminar da comissão de inquérito à TAP, no parlamento, o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, começou pela polémica em torno das declarações do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, para “retirar o tema de cima da mesa”.

“Aquilo que já tínhamos visto com o João Galamba, que o primeiro-ministro não lhe conseguiria ter mão e criou o caos que criou, vemos exatamente o mesmo com o ministro Pedro Adão e Silva. Quando o Governo diz que não fala porque não conhece ainda o relatório final da comissão de inquérito coloca o ministro da Cultura, membro da coordenação política do Governo, a tecer um conjunto de comentários insultuosos à Assembleia da República”, criticou.

Para o bloquista, António Costa “não tem mão no Governo” ao “colocar o ministro que pertence à coordenação política do Governo a fazer exatamente o contrário” que o primeiro-ministro dizia que iria fazer.

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“Eu creio que isto acontece por um motivo e, daí esta parte introdutória apenas e só para dar corpo à pergunta essencial neste contexto: quem tem medo das conclusões da comissão parlamentar de inquérito”, questionou.

Na opinião de Pedro Filipe Soares, “quem tem medo das conclusões da Comissão Parlamentar de Inquérito é o Governo”.

“E por isso, ao contrário daquilo que tinha sido prometido pelo primeiro-ministro, tentou desviar as atenções deste debate, do conteúdo da comissão parlamentar de inquérito e das consequências políticas que daí advinha retirar”, apontou.

O pedido do bloquista foi para que não haja uma desfoque “do essencial”.

“Não se deixem envolver na tática, que é tática política que o Governo está a tentar impulsionar, e que não coloquem em segundo plano aquilo que merece agora ser discutido, que é o relatório da comissão parlamentar de inquérito e as propostas de alteração”, apelou.

Pedro Adão e Silva reiterou esta manhã as críticas à forma como decorreram os trabalhos da comissão de inquérito à TAP, recusando “suspender o espírito crítico” sobre o funcionamento da Assembleia da República.

“Ofender a Assembleia? Eu não vejo porquê. O Governo responde perante a Assembleia, mas não está escrito em nenhum lado que os ministros devem suspender o seu espírito crítico em relação ao funcionamento do parlamento”, afirmou o governante.

O ministro falava aos jornalistas em Vila Viçosa, no distrito de Évora, sobre a polémica em torno da entrevista que deu à TSF e ao Jornal de Notícias, em que considerou ter havido deputados a agir como “procuradores do cinema americano de série B da década de 80” na comissão de inquérito à TAP.

Na sequência da entrevista, no domingo, o presidente da comissão de inquérito à TAP, António Lacerda Sales, considerou, em declarações à Lusa, que as afirmações do ministro foram uma “falta de respeito” e uma “caracterização muito injusta” do trabalho dos deputados, pedindo que se retrate.