A audição do ex-secretário de Estado da Defesa Nacional, Marco Capitão Ferreira, que estava prevista para esta quarta-feira, não vai acontecer a pedido do próprio. O ex-governante entendeu que, após a demissão do cargo e por ter sido constituído arguido, não tem condições para marcar presença perante os deputados da comissão da Defesa. Ainda enquanto secretário de Estado da Defesa Nacional, Marco Capitão Ferreira tinha sido chamado ao Parlamento, a requerimento do Grupo Parlamentar do Chega, “sobre a alegada assinatura, em 2019, de um contrato com o Ministério da Defesa Nacional que visava a assessoria e acompanhamento à equipa de negociação dos contratos de manutenção relativos aos helicópteros EH-101 da Força Aérea”.

Após a demissão, que assegura que aconteceu “por ter entendido que não tinha condições políticas para o exercício das mesmas”, e depois de ter sido constituído arguido num processo em segredo de justiça cujo conteúdo diz desconhecer “por inteiro à presente data”, Capitão Ferreira entendeu, “após reflexão aprofundada, que não estão reunidas as condições necessárias para participar com um mínimo de utilidade na audição em tempos agendada para o próximo dia 12 de julho, e que em todo o caso se dirigia ao secretário de Estado em funções”, pode ler-se no e-mail dirigido ao presidente da Comissão de Defesa ao qual o Observador teve acesso.

O ex-governante justifica ainda que entende ser perante a justiça que tem de prestar declarações — “No tempo da Justiça entendo ser perante ela que me cumpre prestar esclarecimentos.”

Capitão Ferreira repudiou as “insinuações e acusações insidiosas que a praça pública tem feito, contra a realidade dos factos e ignorando a presunção de inocência, sem qualquer proveito que não seja o da voracidade mediática e dos que preferem fazer política sobre tudo menos políticas públicas.”

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Marco Capitão Ferreira demitiu-se esta sexta-feira do cargo de secretário de Estado da Defesa, que ocupava desde o início da maioria socialista. Envolvido em vários casos polémicos, Marco Capitão Ferreira foi constituído arguido na sequência de buscas judiciais realizadas à sua residência esta sexta-feira. O inquérito nasceu do caso conhecido como “Tempestade Perfeita” — um caso que envolve suspeitas de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais e que tem Alberto Coelho, ex-diretor-geral de Recursos da Defesa Nacional como principal suspeito.

Ex-secretário de Estado Marco Capitão Ferreira é a 13.ª saída em 15 meses de Governo de António Costa