Marco Capitão Ferreira demitiu-se esta sexta-feira do cargo de secretário de Estado da Defesa, que ocupava desde o início da maioria socialista. Esta é, aliás, a 13ª saída do Governo de António Costa, que tomou posse em março de 2022.
Envolvido em vários casos polémicos, Marco Capitão Ferreira foi constituído arguido na sequência de buscas judiciais realizadas à sua residência esta sexta-feira. O inquérito nasceu do caso conhecido como “Tempestade Perfeita” — um caso que envolve suspeitas de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais e que tem Alberto Coelho, ex-diretor-geral de Recursos da Defesa Nacional como principal suspeito.
Até à demissão desta sexta-feira, a última aconteceu logo no início do ano, quando Carla Alves, secretária de Estado da Agricultura, decidiu sair “por entender não dispor de condições políticas e pessoas para iniciar funções no cargo”. Carla Alves esteve apenas um dia no cargo e a demissão foi anunciada depois de o Correio da Manhã ter noticiado que a então secretária de Estado da Agricultura tinha contas arrestadas por conta de um processo que envolvia o seu marido e ex-presidente da Câmara de Vinhais, Américo Pereira.
Secretário de Estado da Defesa demite-se depois de ter sido constituído arguido por corrupção
“Alguém que tem uma ligação familiar próxima com alguém acusado num processo de uma determinada natureza, à partida tem uma limitação política”, disse, na altura, Marcelo Rebelo de Sousa, a propósito deste caso.
Carla Alves ocupou o cargo de secretária de Estado da Agricultura, lugar que era ocupado por Rui Martinho, que pediu também para sair, segundo o Ministério, por razões de saúde.
E foi também por questões de saúde que as demissões no Governo de António Costa começaram. Em maio, ao fim de apenas 33 dias de governação, Sara Abrantes Guerreiro deixou a secretaria de Estado da Igualdade e Migrações.
Em agosto foi a vez de Marta Temido, então ministra da Saúde. E com ela saíram os dois secretários de Estado daquele Ministério: Fátima Fonseca e António Lacerda Sales. Marta Temido demitiu-se dizendo sentir “que deixou de ter condições” para se manter no cargo.
Logo a seguir, em novembro, Miguel Alves, que tinha entrado para o Governo em setembro, para a coordenação política do Executivo e como secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, apresentou também a sua demissão. Em causa estava a informação de que tinha sido acusado pelo Ministério Público do crime de prevaricação — no âmbito de uma certidão extraída da Operação Teia — por, alegadamente, ter beneficiado a empresa da mulher do ex-autarca do PS. Miguel Alves já se tinha visto envolvido na polémica sobre a adjudicação de um pavilhão transfronteiriço, cuja obra não foi feita enquanto presidente da Câmara de Caminha.
Ainda em novembro, ficou a saber-se que João Neves, secretário de Estado Adjunto da Economia, e Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, tinham sido demitidos por António Costa.
Para terminar o ano de 2022, o mês de dezembro ficou também marcado por mais demissões. A primeira foi Alexandra Reis. A 24 de dezembro, o Correio da Manhã noticiou que Alexandra Reis tinha recebido uma indemnização de 500 mil euros quando saiu da TAP, como administradora, para meses depois ingressar na NAV como presidente e alguns meses mais tarde deixar a navegação aérea para a secretaria de Estado.
A partir daqui, seguiu-se a demissão de Hugo Mendes, que saiu depois dos esclarecimentos da TAP e depois de ter confirmado que conhecia a solução de saída de Alexandra Reis da TAP. E, logo a seguir, Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, também se demitiu.