A Comissão de Defesa aprovou, esta quarta-feira, a audição conjunta da ministra da Defesa Nacional e do anterior titular do cargo e atual ministro dos Negócios Estrangeiros, Gomes Cravinho, sobre “os factos vindos a público” que envolvem o ex-secretário de Estado Marco Capitão Ferreira. A audição, requerida pelo PSD e Chega, foi aprovada por unanimidade na reunião que decorreu esta tarde, no Parlamento.
A data para ouvir os ministros não ficou definida, mas deverá acontecer até à próxima quarta-feira, segundo o presidente da comissão.
Momentos antes, André Ventura, líder do Chega, tinha anunciado que o grupo parlamentar tinha pedido uma audição com os dois ministros para esclarecer o caso que envolve o ex-secretário de Estado da Defesa. O pedido surge depois de Marco Capitão Ferreira ter cancelado a ida à comissão parlamentar da defesa por entender que, após a demissão e por ter sido constituído arguido, não tinha condições para marcar presença.
Aos jornalistas, esta quarta-feira, o líder do Chega lamentou que Capitão Ferreira tenha desmarcado a ida ao Parlamento, numa audição que tinha sido pedida pelo Chega, e que foi cancelada à última hora.
Marco Capitão Ferreira não vai marcar presença na audição no Parlamento
“Esta presença era fundamental, era decisiva para percebermos os contornos daquilo que aconteceu, não só nas nomeações suspeitas na Defesa como nos negócios suspeitos que envolviam o ministro da Defesa”, afirmou, em declarações transmitidas pela SIC Notícias.
O Chega vai, também, “insistir” na ida de Marco Capitão Ferreira ao Parlamento, uma vez que “dispõe de factos e documentos que só ele conhece e pode esclarecer” e que não é por ser arguido que não pode ir à comissão de Defesa.
Já a audição à ministra da Defesa servirá para, “em nome do seu ex-secretário de Estado, explicar os contornos de algumas destas decisões no âmbito da Defesa e que merecem uma explicação”. Ventura quer ainda que Helena Carreiras explique porque é que manteve Marco Capitão Ferreira em funções “até à última hora”, quando várias notícias já davam conta das suspeitas.
Além de Helena Carreiras, o Chega quer também ouvir o ex-ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, que agora tem a pasta dos Negócios Estrangeiros, para esclarecer as “suspeitas cruzadas” que o envolvem. Como o Observador noticiou, a PJ está a investigar a possibilidade de o contrato de prestação de serviços alegadamente fictício que permitiu a Marco Capitão Ferreira ganhar cerca de 60 mil euros em apenas quatro dias ter servido, afinal, para remunerar o alegado aconselhamento dado ao então ministro João Gomes Cravinho.
Marco Capitão Ferreira foi constituído arguido na sequência de buscas realizadas à sua casa, no âmbito do inquérito que nasceu do caso “Tempestade Perfeita”, que envolve suspeitas de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais. O ex-secretário de Estado demitiu-se na sexta-feira, naquela que foi a 13.ª saída do Governo de António Costa, que tomou posse em março de 2022.