Passaram cinco anos desde que Portugal venceu Itália e conquistou o Europeu Sub-19, com a geração de Florentino, Jota e Trincão a derrotar a de Tonali, Zaniolo e Kean. Ao mesmo tempo, passaram 20 anos desde que Itália venceu Portugal e conquistou o Europeu Sub-19, com a geração de Chiellini, Aquilani e Pazzini a derrotar a de João Pereira, Hugo Almeida e Hélio Pinto. Este domingo, numa terceira final do Europeu Sub-19, Portugal e Itália procuravam desempatar as contas. 

A seleção portuguesa corria atrás desse segundo título — e tentava continuar a vingar as três finais perdidas, em 2003, 2014 e 2017. A equipa orientada por Joaquim Milheiro chegava à final totalmente vitoriosa, com três triunfos na fase de grupos e uma goleada frente à Noruega na meia-final, e era aparentemente favorita à entrada para o jogo decisivo: até porque, nessa mesma fase de grupos, goleou a mesma Itália num encontro em que os italianos disputaram toda a segunda parte com menos um elemento.

Ficha de jogo

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Portugal-Itália, 0-1

Final do Campeonato da Europa Sub-19

Estádio Nacional Ta’ Qali, em Ta’ Qali (Malta)

Árbitro: Sven Jablonski (Alemanha)

Onze de Portugal: Gonçalo Ribeiro, Gonçalo Esteves, António Ribeiro (Luís Gomes, 90+2′), Gabriel Brás, Martim Marques (Martim Fernandes, 45′), Samuel Justo (Diogo Prioste, 45′), Nuno Félix, Gustavo Sá (Herculano Nabian, 76′), Hugo Félix (Miguel Falé, 83′), Carlos Borges, Rodrigo Ribeiro

Suplentes não utilizados: Diogo Pinto, Jorge Meireles, Yanis da Rocha, João Gonçalves

Treinador: Joaquim Milheiro

Onze de Itália: Mastrantonio, Missori, Lorenzo Dellavalle, Davide Mastrantonio, Regonest, Hasa, Faticanti (Pisilli, 80′), Cher Ndour (Lipani, 65′), Kayode, Vignato (Koleosho, 80′), Esposito

Suplentes não utilizados: Palmisani, Chiarodia, D’Andrea, Bozzolan, Amatucci, Turco

Treinador: Alberto Bollini

Golos: Kayode (19′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Gabriel Brás (24′), a Samuel Justo (26′), a Missori (33′), a Cher Ndour (45+1′), a Gustavo Sá (73′), a Kayode (78′), a Mastrantonio (89′)

“Este é um dos jogos mais importantes desta geração. Vamos querer agarrar o jogo e tenho grande confiança de que vamos ser felizes. Queremos muito, muito mesmo, ser campeões da Europa. Nesta equipa, ao longo de um desenvolvimento de cinco anos, foi muito importante criar esse processo de resiliência, convivendo com diferentes contextos de elevada dificuldade. É muito importante continuarmos conscientes das exigências do jogo, não podemos atirar foguetes antes da festa. Temos de nos manter emocionalmente equilibrados, com capacidade de controlar a pressão, que é alta, mas é positiva”, explicou o selecionador nacional na antevisão da partida.

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Joaquim Milheiro não surpreendia na hora de desenhar o onze inicial, repetindo a equipa que goleou a Noruega na meia-final — ou seja, deixando o capitão Diogo Prioste no banco e apostando em Nuno Félix no meio-campo. Do outro lado, o destaque ia para a titularidade de Cher Ndour, o jovem médio que fez parte da formação no Benfica (estreando-se brevemente pela equipa principal) e que este verão deixou os encarnados para se juntar ao PSG.

Tal como tinha acontecido no encontro da fase de grupos, Itália começou melhor e empurrou Portugal para o próprio meio-campo defensivo, anulando por completo o fluxo ofensivo português e fazendo com que a equipa de Joaquim Milheiro nem sequer se aproximasse da área contrária nos 20 minutos iniciais. Esposito protagonizou o primeiro lance de perigo, ao falhar a bola na cara de Gonçalo Ribeiro (10′), Cher Ndour assustou com um remate por cima (12′) e Kayode, pouco depois, acabaria mesmo por abrir o marcador.

Hasa desequilibrou na esquerda e tirou um cruzamento brilhante para o poste mais distante, onde o avançado da Fiorentina surgiu nas costas de Martim Marques a cabecear para bater Gonçalo Ribeiro (19′). Portugal procurou soltar-se depois do golo sofrido, conquistando alguns metros, mas chegou ao intervalo sem criar uma verdadeira oportunidade de golo — e vendo Hasa, a grande figura italiana, ficar perto de aumentar a vantagem em duas ocasiões (37′ e 42′).

Joaquim Milheiro fez duas alterações ao intervalo, trocando Martim Marques e Samuel Justo por Martim Fernandes e Diogo Prioste, e não foi preciso esperar muito para perceber que a segunda parte trazia um Portugal atrás do prejuízo e uma Itália confortável na hora de defender a vantagem. Martim Fernandes teve a melhor oportunidade portuguesa até então, com um cabeceamento ao segundo poste que Mastrantonio defendeu (62′), e a reação era já evidente — antes, porém, também tinha ficado claro que se mantinha a fragilidade portuguesa nacional, com Vignato a ficar perto do golo num lance individual (53′).

O selecionador nacional voltou a mexer já dentro do último quarto de hora, retirando o médio Gustavo Sá para lançar o avançado Herculano Nabian, mas já nada mudou: Portugal tinha mais bola, estava quase sempre inserido no meio-campo adversário, mas não conseguia desequilibrar nem criar lances de verdadeiro perigo, com Nabian a protagonizar a derradeira oportunidade portuguesa com um pontapé que passou ao lado (90+5′).

Portugal perdeu com Itália na final do Europeu Sub-19 e falhou a conquista do título, com a seleção italiana a vencer o troféu pela segunda vez — e pela segunda vez contra os portugueses. Depois de ultrapassar todas as partidas até à final, a equipa orientada por Joaquim Milheiro deixou que uma primeira parte apagada e esvaziada de ideias fosse a morte do artista. Ou dos artistas.