Em Espanha a contagem dos votos das eleições gerais chegou ao fim, com o Partido Popular a liderar a corrida e o PSOE a obter um resultado superior ao esperado. Abre-se, por isso, esta segunda-feira um novo capítulo, com uma fase de negociações que se antecipam difíceis entre os vários partidos. Com o escrutínio praticamente finalizado nenhum dos blocos, quer da direita (PP e Vox) quer da esquerda (PSOE e Sumar) conseguiu garantir uma maioria absoluta e o que se segue ainda está em aberto — até porque há soluções que podem permitir a maioria absoluta, mas que terão de envolver mais partidos.

O certo é que, com mais de 99% dos votos contados, o cenário final será: PP com 136 deputados no Congresso, PSOE com 122 deputados, Vox com 33 e Sumar com 31. “Todas as negociações serão muito complicadas”, antecipa face aos resultados Cristina Casabón, colunista da secção de política do jornal ABC.

Para formar uma maioria, o PSOE de Pedro Sánchez terá de negociar com várias forças políticas, desde já o Sumar, mas também a Esquerda Republicana da Catalunha, o Partido Nacionalista Basco, o Bildu, o Bloco Nacionalista Galego e o Junts. Mas esperam-se desafios nesse caminho. Este último partido, por exemplo, já garantiu que não apoiará o atual chefe de governo sem algo em troca. “Não faremos de Sánchez presidente à toa”, alertou Miriam Nogueras, candidata do Junts. Para já a líder do Sumar, partido que nas eleições se assumiu como a quarta força política, ainda não se pronunciou sobre o assunto, dizendo apenas: “A partir de amanhã vamos continuar a trabalhar”.

Por outro lado, no espectro da direita o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, já demonstrou que pretende formar governo, apesar dos resultados desta noite não serem exatamente os desejados pelo partido. “Eu encarrego-me de iniciar o diálogo para formar um governo”, afirmou este domingo à noite na primeira reação aos resultados da ida às urnas. “Ao partido que perdeu as eleições, aos socialistas, peço expressamente que não bloqueiem o Governo de Espanha uma vez mais” de Espanha uma vez mais”, acrescentou.

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O calendário para as próximas semanas

Finda a noite eleitoral, inicia-se agora o processo para formar o Congresso e Senado espanhol e eleger o presidente do governo. Tudo começa com a publicação dos resultados oficiais das eleições gerais, mas, explica o ABC, a contagem total dos boletins, incluindo os depositados no estrangeiro e das votação por correio, vai prosseguir durante esta semana e no início da seguinte, apesar da maior parte dos votos já ter sido contada esta noite. No início do próximo mês inicia-se então o prazo para apresentação de reclamações sobre o processo eleitoral e só num prazo de 40 dias é que os resultados oficiais são publicados.

O próximo passo é, segundo explica o jornal espanhol, a constituição do Congresso, com 350 deputados, e do Senado, com 265 membros. E a sessão já tem data: o dia 17 de agosto, pelas 10h. O presidente do Congresso terá de ser eleito e formam-se os grupos parlamentares.

O presidente do Congresso deverá então encontrar-se com o monarca, o Rei Filipe VI. Este deverá convocar os representantes dos grupos políticos com maior representação e propor um candidato à investidura, à partida o que reunir mais apoios.

Na última fase, depois de recebida a proposta do monarca, o presidente do Congresso vai convocar um plenário com o objetivo de escolher o presidente do governo. O candidato terá de obter uma maioria — ou absoluta na primeira votação (176 votos), ou simples numa segunda ronda — para obter a confiança e ser eleito. Há, no entanto, um cenário que ainda não pode ser descartado, refere o ABC. Se decorridos dois meses de tentativas desde a primeira votação e nenhum candidato tiver sido eleito, as cortes gerais são dissolvidas e marcam-se novas eleições.