Moradores do Bairro Azul, situado junto ao Parque Eduardo VII, em Lisboa, reconhecem os benefícios económicos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), mas temem os impactos negativos que o evento poderá trazer às suas rotinas.
O Parque Eduardo VII é um dos principais palcos da JMJ, nos dias 1, 3 e 4 de agosto. Por isso, no vizinho Bairro Azul, pertencente à freguesia das Avenidas Novas, uma das preocupações apontadas é o estacionamento. “O que eu imagino é que vai ser um bocado um pesadelo para quem quer entrar ali no bairro. Provavelmente haverá sempre confusões. Eu não sei como é que irão fazer o controlo”, disse à Lusa Maria Aurindo.
A moradora confessou que vai estar fora de Lisboa na semana da JMJ e acredita que muitos moradores lhe sigam o exemplo. “Eu acho que as pessoas estão apreensivas, sobretudo quem fica. Quem fica é o sentimento do ‘vamos ver como isto corre’, mas acho que quem puder evitar mais vai evitar”, perspetivou.
Com uma visão mais otimista está Maria Borges, também residente no Bairro Azul, para quem “qualquer evento tem os seus prós e contras“. “Não deixa de ser uma excelente oportunidade para nós darmos a conhecer a nossa cultura e o nosso povo. Para nós é uma honra receber o Papa em nossa casa. Claro que antecipo que o trânsito fique mais caótico e que haja filas para os pequenos cafés, mas essas filas significam que está a mexer a economia portuguesa”, argumentou.
Mas, se há moradores que pretendem “fugir” de Lisboa durante a Jornada Mundial da Juventude, há outros que fazem questão de ficar, de acolher peregrinos e participar nas cerimónias, como é o caso de Rosário Nolasco. “Eu vou fazer o dois em um. Vou fazer acolhimento de jovens, porque percebi que havia poucas famílias a oferecerem-se, e também me inscrevi como voluntária. Portanto, eu nessa semana vou estar aqui e envolvida”, contou.
Questionada sobre os impactos que o evento possa ter no Bairro Azul, Rosário Nolasco ressalvou que alguns problemas existentes, como a falta de estacionamento, não é um problema da JMJ. “Para mim há coisas que são mais constrangedoras, que é ao fim de semana a confusão com o estacionamento por causa das pessoas que vão para o El Corte Inglés. Isso para mim é muito pior, porque é uma coisa sistemática, do que um evento que eu sei que à partida vai trazer muita gente”, sublinhou.