O ex-presidente da Generalitat da Catalunha e fundador do partido político Junts, Carles Puigdemont, disse, este sábado, que recusará qualquer tipo de “pressão ou chantagem política” do chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, para permitir a reedição de um executivo progressista em Espanha, num momento em que socialistas tentam convencer a força independentista catalã a dar o ‘sim’ à formação de uma coligação alargada de esquerda.

Neste sentido, referindo-se à contagem dos votos nos círculos eleitorais do estrangeiro que deram mais um deputado ao Partido Popular (PP), Carles Puigdemont escreveu na sua conta pessoal do Twitter que Pedro Sánchez apenas poderá renovar o mandato se “obtiver o ‘sim’ de uma coligação ampla, incluindo os sete votos dos deputados do Junts per Catalunya”. “Se há seis dias, o resultado provisório já nos tinha colocado no centro da conversação e da especulação, com os resultados finais a nossa posição ainda é mais importante”, afirmou.

Apesar de estar numa posição decisiva para a formação de um novo governo, o ex-líder político, que se encontra no exílio na Bélgica, decidiu deixar um “aviso” aos socialistas: “Quem acredita que ao exercer pressão ou chantagem política obterá algum benefício pode poupar-se o esforço”.

Para Carles Puigdemont, a solução que tem de ser encontrada é diferente — terá de inevitavelmente passar pela “resolução do conflito político” na Catalunha com a realização de um referendo pela autodeterminação, assim como a amnistia para todos os envolvidos na organização do referendo ilegal em 2017.

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“Ter a chave é circunstancial. Um dia tem-se e no dia seguinte não e nunca podemos perder isso de vista”, vincou o ex-presidente da Generalitat da Catalunha na sua conta pessoal do Twitter, referindo que o Junts não se deve “apressar” em colaborar numa solução política diante do medo de “perder a chave”.

A publicação de Carles Puigdemont surge num momento em que fontes socialistas ouvidas pelo El Mundo advertem o Junts que — ao não permitir um governo progressista em Espanha — abrirá a “porta a um governo da direita com a extrema-direita”. “Junts terá de dizer se une as suas forças ao PP e ao VOX”, assinalam os dirigentes do PSOE, numa estratégia de pressionar o partido catalão a tomar uma decisão, principalmente após a votação do exterior.

Por sua vez, nas hostes do Partido Popular (PP), a finalização da contagem eleitoral abriu um “novo panorama” — mais favorável para a direita. O líder dos populares na Galiza, Alfonso Rueda, acredita, citado pelo El País, que o voto do estrangeiro gerou uma “mudança muito importante que o PSOE temia”. “Isso torna ainda mais óbvia a vitória de Alberto Núñez Feijóo nas eleições do passado dia 23 de julho.”

Além disso, o vice-secretário da Coordenação Autónoma e Local do PP, Pedro Rollán, diz, citado pelo El País, que o partido está disposto a falar com o Junts sobre uma possível abstenção à investidura de Alberto Núñez Feijóo. Os populares, frisa o responsável, estão dispostos a falar “com todas as formações políticas sempre que se encontrem dentro das normas da Constituição espanhola” — isto à exceção do EH Bildu, o partido independentista basco.