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À chegada ao Parque Eduardo VII durante a tarde desta quinta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa declarou aos jornalistas sobre a JMJ 2023 que “vamos ainda longe do fim”, mas que até agora “conseguimos”. Ao fundo, ouvia-se a multidão que aguardava pela Cerimónia de Acolhimento gritar “salta Marcelo, salta Marcelo”. Questionado sobre se era capaz de repetir a célebre expressão “conseguimos, vitória”, o Presidente da República disse que “sim”.

Mais do que “emocionante”, Marcelo considera a Jornada Mundial da Juventude um “momento de mobilização de jovens, mas também de alguma maneira de mobilização nacional” porque “Portugal mostra que é capaz, de alguma maneira, de organizar e estar à altura”. “É fundamental” que Portugal seja capaz de mostrar que é capaz e de estar altura “todos os dias” e não apenas em determinados momentos, notou o Presidente da República.

Marcelo explicou que tem falado com o Papa sobre “a Europa, a guerra, a paz, o mundo, as migrações, os direitos humanos, as exclusões, a reforma das instituições, a própria igreja, a escola, os jovens, a mudança e a abertura da escola para o futuro”. “Tudo o que ele fala em público, fala em privado”, acrescentou reforçando que “tudo” o que Francisco diz nos seus discursos é “o que pensa e o que diz em privado”.

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Questionado sobre o que pensou sobre os avisos do líder da Igreja Católica sobre as migrações, respondeu: “Eu acho que o Papa tem toda a razão. Ele, no fundo, disse da Europa o seguinte: que a Europa, neste momento de guerra, de reconstrução da paz, ou está à altura do seu papel, ou fica marginalizada, porque é evidente que há potências mundiais, como os Estados Unidos, como a China, como outras potências que quererão jogar e desempenhar um papel económico, social, político no mundo.”

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“[A Europa] ou mantém a unidade, é fiel aos seus valores, se projeta para fora, tem a capacidade de compreender que tem de se dar com África, com a América Latina, com a Ásia e não fechar-se e não ser egoísta, ou então a Europa perde uma oportunidade histórica”, continuou o chefe de Estado.

A Europa, em muitos aspetos está a ir tarde, noutros não. Chegou tarde à pandemia, chegou cedo às alterações climáticas, mas está a chegar tarde à abertura a África, à abertura a outros continentes, está a chegar tarde a ter uma política comum de migrações”, advertiu.

Questionado pelos jornalistas presentes no local sobre se foi importante que as vítimas de abusos da Igreja tenham sido recebidas pelo Papa logo no primeiro dia da JMJ, o chefe de Estado disse que “não foi por acaso”. “Penso que dá prioridade [aos abusos] e deu hoje a receber migrantes, refugiados”, deu prioridade à escola e ainda ao futuro da juventude.

Além do que estava programado, o Papa ocupa os espaços que tem disponíveis” a ouvir sobre os temas que acha fundamentais”, afirmou, após ser questionado sobre o ritmo “alucinante” da jornada.

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Questionado sobre os problemas que têm sido apontados por jovens do interior, como falta de emprego, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que o Papa vai esta tarde discursar para os jovens durante a Cerimónia de Acolhimento.

Considerando que “as grandes mensagens para os jovens vão ser hoje”, o Presidente da República relembrou que Francisco já disse esta quinta-feira que “é preciso substituir o medo pelos medo” porque, de facto, “os jovens às vezes têm medo do futuro” em áreas como o emprego ou a tolerância. Ainda sobre os jovens, com a ecologia a ser um “grande tema” também para o Papa, Marcelo descrever Francisco como “um Papa da transformação do mundo”.

O Presidente recordou o início do projeto da JMJ em Lisboa. “Primeiro tive de guardar o segredo durante um tempo porque não se podia saber, depois soube-se. Depois fui ver onde poderia ser o local e, quando vi o local, olhei para aquilo e disse ‘Oh meu Deus, como é que vai ser possível por isto de pé?’”, contou o Presidente da República.

“Mete-se a pandemia. Mete-se guerra. E aí deixou de ser uma preocupação e passou a ser uma ligeira angústia”, continuou Marcelo. Depois, olhou para Carlos Moedas e perguntou: “Lembra-se das idas ao terreno pela primeira e olhávamos para o que era preciso fazer… e depois o Parque Eduardo VII, simultaneamente. Portanto, em dois tabuleiros”, disse o Presidente da República aos jornalistas.

“Verdadeiramente, até aos últimos dias, o presidente Moedas sabe isso, eu até escapei uma vez às tantas da manhã para ir lá espreitar e dizia ‘como é que isto está pronto daqui a não sei quantos dias?’ Mas nós portugueses somos excecionais nisso: no dia está pronto!” O Presidente deixou também uma palavra de “mérito” à organização da Igreja.

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