Patrick Drahi, fundador da Altice, afastou-se de qualquer ligação aos casos que estão a ser investigados em Portugal. E garante que “se forem verdades” foi “traído e enganado” por um grupo pequeno de pessoas, incluindo “um dos mais antigos colegas”.

“No mês passado tivemos conhecimento das investigações por parte das autoridades portugueses sobre alegadas práticas prejudiciais de certas pessoas e entidades relacionadas com o grupo Altice”, começou por dizer Drahi, assumindo que tal tinha sido “um choque e um grande desapontamento”.

“Se as alegações forem verdade, sinto-me traído e desapontado por um grupo pequeno de pessoas, incluindo um dos mais antigos colegas”.

Em conferência telefónica com analistas da Altice International, Patrick Drahi falou pela primeira vez das investigações e afastou-se dos casos. Disse mesmo que Armando Pereira não tem uma única ação da Altice, ainda que detenha direitos numa das empresas de Drahi que não quis aprofundar essa relação, dizendo serem assuntos pessoais. Armando Pereira disse aos investigadores, conforme avançou a SIC, que ainda detinha 22% da Altice.

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“É muito desagradável ver a palavra corrupção associada ao nome do nosso grupo e a maior parte das vezes associada ao meu nome em artigos da imprensa, mas o nosso grupo é uma vítima e não acusado”. E esclarece que fundou o grupo Altice em 2011 e criou uma equipa depois da primeira aquisição e foi quando contratou Armando Pereira que, desde 2005, não “tem uma única ação ou direito de voto em qualquer entidades Altice, mas manteve apenas interesse económico de cerca de 20% numa entidade pessoal minha”. E depois da compra em Portugal, em 2015/6, deixou de estar envolvido na operação de qualquer subsidiária da Altice International, garante Drahi.

Patrick Drahi garante que foram tomadas medidas no grupo para investigar e foram afastadas pessoas. Foram afastadas cerca de 15 pessoas em Portugal, França e Estados Unidos. Garantiu aos analistas que, a ser verdade, “esconderam estas atividades de mim”.

Há uma teia de empresas com negócios com a Altice que está sob investigação

Mas garante que o impacto financeiro será limitado destas investigações. “Estimamos que os termos financeiros não serão impactados. Não esperamos impacto na caixa nem na liquidez e o guidance da Altice International para 2023 e para a frente não será alterado”.

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Ainda assim Patrick Drahi admite avançar para tribunal se se provar que houve comissões pagas em fornecimentos à Altice que implicaram aumento de custos para a empresa. “Iremos exercer o nosso direito para reaver o dinheiro de volta”, garantiu aos analistas.