Pedro Santana Lopes mantém em aberto a hipótese de voltar a ser militante do PSD. O tema voltou à agenda depois de Luís Montenegro ter aproveitado a Festa do Pontal para, de forma vaga e ambígua, dizer que o antigo líder social-democrata estava “a caminho” do partido. Agora, o ex-primeiro-ministro voltou a admitir que está a fazer essa ponderação, sem se comprometer, ainda assim, com um desfecho nesse sentido.

Em entrevista ao Observador, no programa “Direto ao Assunto”, Santana Lopes comentou assim as palavras de Luís Montenegro. “Estou no caminho da ponderação. Pode ser que no final da reta que isso aconteça. Mas ainda estou na reta do processo de decisão. É um processo que mexe muito comigo. Não é uma decisão nada fácil. Mas aquela é a minha casa-mãe, é lá que está o meu coração. Se formalizo e quando formalizo ainda não sei dizer. Não sei mesmo. É para lá que caminho. Agora se baterei à porta… não sei dizer. Vamos ver se faço o caminho todo”, desabafou o antigo primeiro-ministro.

[Ouça aqui as declarações de Santana Lopes ao Observador]

Pedro Santana Lopes e o regresso ao PSD. “Estou no caminho da ponderação”

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Não é a primeira vez que se fala do eventual regresso de Santana ao PSD — possibilidade que o próprio vem admitindo desde que Luís Montenegro assumiu a liderança do partido. De resto, como próprio recordou nesta entrevista ao Observador, uma das primeiras iniciativas do então recém-eleito presidente do partido foi almoçar com Santana Lopes na Figueira da Foz.

Nessa altura, como relatava o Observador, Montenegro convidou Santana Lopes a voltar ao partido. “Conhecemo-nos há muitos anos e não precisamos de nos andarmos a convencer um ao outro. Conversámos e, depois, mais para a frente, vamos ver“,  afirmou o agora presidente da Câmara da Figueira da Foz ao Diário das Beiras, a 5 de julho de 2022.

Daí para cá, Santana Lopes e sociais-democratas já deram o nó na autarquia. Ainda em junho, o ex-primeiro-ministro fez um acordo com Ricardo Silva, único vereador social-democrata na câmara da Figueira da Foz, para garantir a maioria ao executivo camarário.

Um eventual regresso do ex-primeiro-ministro ao PSD pode ou não chocar com outros planos de Santana. Também em junho, o autarca admitiu ao Observador estar a equacionar seriamente uma candidatura à Presidência da República nas próximas eleições agendadas para 2026. “Não se devem tomar decisões antes do tempo, mas é algo que não está excluído. Isto só se resolve com pessoas incomuns. Tenho currículo e vontade. Se houver condições para vencer essa disputa, poderei estar lá”, garantia então Santana Lopes.

“O tempo passa a correr. O atual Presidente da República já está a meio do segundo mandato. Quem quiser ganhar as próximas eleições tem de trabalhar. É um caminho”, continuava o mesmo Santana. Para o antigo primeiro-ministro, são precisas três condições para ser um bom candidato presidencial: currículo, vontade e condições políticas; Pedro Santana Lopes acredita reunir à partida as duas primeiras; e está a trabalhar para a terceira.

Aliás, em abril, em entrevista à RTP3, o autarca foi cristalino em relação à avaliação que faz dos seus potenciais adversários, à direita. “Não vejo ninguém com maior ou melhor currículo do que eu no espaço do centro-direita [para ser Presidente da República]. Não há um dia que ande na rua e não me falem disso”, atirou, antes de lembrar que não serão os desaires políticos que sofreu a impedirem a prossecução desse caminho. “Quase todos os Presidentes da República tiveram momentos difíceis antes de lá chegarem”, argumentou Santana Lopes.

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