Ao 540º dia de guerra na Ucrânia, o já famoso batalhão paramilitar Azov, que foi durante muito tempo responsável pela defesa da cidade Mariupol, voltou ao terreno, mais concretamente na região de Lugansk, onde já está a realizar missões de combate, depois de ter passado meses na Turquia ao abrigo de uma troca de prisioneiros com a Rússia. O batalhão tem garantido o seu afastamento de alguns dos seus fundadores, integrados em correntes políticas ultranacionalistas, mas a Rússia tem-no usado como argumento para a necessidade de “desnazificar” a Ucrânia.

Fora das linhas de combate, o antigo Presidente de França Nicolas Sarkozy defendeu que a Europa “precisa” da Rússia — e foi criticado por isso pela equipa de Volodymyr Zelensky, que o acusou de ser “cúmplice” dos crimes de Vladimir Putin. Já o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, veio sublinhar que “são apenas os ucranianos” quem pode decidir “quando existem condições para negociar e quem pode decidir, na mesa das negociações, que soluções são aceitáveis”.

Estas são as principais notícias relativas à guerra em destaque esta quinta-feira:

  • O antigo Presidente de França Nicolas Sarkozy defendeu, em entrevista ao Le Figaro, que a Europa “precisa” da Rússia e que deve parar com a “estranha ideia” de financiar a guerra, e o conselheiro de Volodomyr Zeleznky não gostou. “O encorajamento de Sarkozy é uma cumplicidade direta com um crime que dura há anos” disse Mykhailo Podolyak no X (antigo Twitter). “Não se podem negociar os territórios de outros povos porque tens medo de alguém ou porque és amigo de criminosos”.
  • Também Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, falou no mesmo sentido, defendendo que “são os ucranianos, e apenas os ucranianos, quem pode decidir quando existem condições para negociar e quem pode decidir, na mesa das negociações, que soluções são aceitáveis”.
  • A famosa brigada Azov, que defendeu Mariupol da Rússia durante meses, voltou à frente de combate e já se encontra “em ação” na região de Lugansk, afirmou o coronel das Forças Armadas da Ucrânia Nikolai Urshalovich numa conferência de imprensa online. Em setembro, os defensores de Mariupol tinham sido levados para a Turquia ao abrigo da troca de prisioneiros com a Rússia e era suposto terem lá permanecido até ao final da guerra.
  • A Ucrânia garantiu que irá respeitar qualquer restrição ao uso de armas vindas do Ocidente: “Daremos essa garantia e respeitá-la-emos”.
  • A Rússia veio garantir pela primeira vez que destruiu armas fornecidas pelos Estados Unidos. Entre o arsenal ucraniano destruído, o governo russo, citado pela RIA, enumera quatro veículos blindados Stryker.
  • O Ministério da Educação russo anunciou que todas as escolas de ensino superior e profissional irão formar operadores de sistemas de aeronaves não tripuladas, informa a agência de notícias TASS.
  • A Rússia multou a Google em 3 milhões de rublos (29 mil euros) por não ter retirado o que considera ser informação falsa quanto à sua “operação militar especial” na Ucrânia, segundo a agência de notícias russa TASS.
  • A mobilização geral na Ucrânia vai continuar pelo menos mais 90 dias, tal como a lei marcial. Ambas terminavam esta sexta-feira, mas a 27 de julho a Assembleia ucraniana aprovou as duas leis que entram em vigor amanhã e as prolongam até 15 de novembro.
  • Um espião russo foi detido pelos serviços de segurança ucranianos sob suspeita de estar a preparar um ataque com mísseis a Kiev. Os SBU, que publicaram uma imagem no Telegram do momento da detenção, avançam, no mesmo canal, que o agente tem 23 anos e que terá sido apanhado em flagrante, quando filmava uma base militar ucraniana.
  • A Ucrânia anunciou que os caças F-16 produzidos nos Estados Unidos não poderão ser utilizados este ano. “Já é óbvio que não seremos capazes de defender a Ucrânia com caças F-16 durante este outono e inverno”, avançou Yuriy Ihnat, porta-voz da força aérea ucraniana, ontem. “Tínhamos enormes esperanças em relação a este avião, de que ele se torne parte da defesa aérea, capaz de nos proteger do terrorismo de mísseis e drones da Rússia”.
  • A China vai reforçar a cooperação militar com a Bielorrússia, afirmou o ministro da Defesa chinês, Li Shangfu, durante uma visita ao país aliado da Rússia, onde Moscovo está a instalar armas nucleares táticas.“O objetivo da minha visita à Bielorrússia é precisamente a implementação de acordos importantes a nível de chefes de Estado e o reforço da cooperação militar bilateral”, disse Li, citado pela agência norte-americana AP.
  • Os Estados Unidos impuseram sanções a quatro russos que acusa de estarem envolvidos no envenenamento que quase foi fatal para o líder da oposição russa, Alexei Navalny, que se encontra agora preso. Segundo a Reuters, que cita um comunicado do Departamento do Tesouro norte-americano, as quatro pessoas fazem parte dos serviços secretos russos (FSB).
  • O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, alega que chegou a haver contactos diretos entre a Ucrânia e o seu país, há alguns meses, mas que foram travados pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. “Nunca participaremos nesta guerra” exceto nesse caso, garantiu, embora rematando: “Mas iremos sempre ajudar a Rússia — são os nossos aliados”.
  • O primeiro cargueiro saído da Ucrânia após o fim do acordo sobre cereais chegou a águas turcas, apesar do cerco russo, segundo ‘sites’ da Internet de tráfego marítimo.O porta-contentores Joseph Schulte, com pavilhão de Hong Kong, partiu do porto ucraniano de Odessa, desafiando a Rússia, que ameaçou atacar tais embarcações desde que pôs fim, em julho, ao acordo pelo qual a Ucrânia podia exportar os seus cereais.
  • O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, admitiu pela primeira vez que várias unidades militares russas entraram na Ucrânia a partir de território bielorrusso, no âmbito da “campanha militar” em curso, iniciada em fevereiro de 2022.
  • Um norte-americano foi detido na Rússia, num caso relacionado com espionagem sobre o qual são conhecidos poucos detalhes, divulgaram as agências de notícias russas. Segundo a agência Interfax, Gene Spector, norte-americano de origem russa, é acusado de espionagem, confessou-se culpado e fez um acordo para colaborar com os investigadores. O cidadão dos EUA pode ser condenado até 20 anos de prisão.
  • Vladimir Putin sugeriu expandir a rede ferroviária de alta velocidade para ligar Moscovo ao Donbass de forma a impulsionar a colaboração entre a Rússia, a Bielorrússia, sua aliada, e o território ocupado pelas forças militares. O Presidente russo disse que estava a considerar expandir a rede ferroviária para ligar a capital do país a Minsk, capital bielorrussa, e às cidades ucranianas de Lugansk e Donetsk.
  • Os dados mais recentes divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que três em cada quatro refugiados ucranianos planeiam voltar para o país. De acordo com o relatório, pelo menos 8,25 milhões fugiram da Ucrânia desde o início da guerra. 76% dos que continuam fora da Ucrânia planeiam voltar.
  • No discurso noturno, o Presidente ucraniano revelou que assinou uma lei importante para que as negociações de adesão da Ucrânia à União Europeia possam avançar. De acordo com Volodymyr Zelensky, as negociações começam ainda este ano e a lei em questão “garante uma seleção transparente, profissional e justa” dos juízes do Supremo Tribunal.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR